28/04/2008

Remindo o tempo: Contando os nossos dias diante do Senhor

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor”. (Efésios 5:15-17).
(Versão Almeida Revista e Atualizada)

Na postagem anterior vimos um dos aspectos importantes na questão de remir o tempo: as prioridades da nossa vida. Em complemento, segue agora um outro aspecto a ser considerado:

Contando os nossos dias diante do Senhor

Ao pensarmos em remir o nosso tempo, o segundo ponto importante é sabermos contar bem os nossos dias diante de Deus. Quando Moisés estava no final de sua vida, ele fez uma oração importantíssima: "Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal modo que alcancemos corações sábios" (Salmos 90:12).

Essa é uma oração também importante para nós. Moisés era alguém que tinha muita intimidade com o Senhor. A Escritura diz que o Senhor falava com Moisés como a um amigo, face a face. Mesmo assim, Moisés estava pedindo sabedoria. Se Moisés pediu, quanto mais nós precisamos pedir sabedoria para contar os nossos dias.

A Palavra de Deus, principalmente no Antigo Testamento, tem muitos exemplos de Deus contando os dias do povo de Israel, e também há exemplos de dias e anos perdidos por Israel, os quais não foram contabilizados por Deus.

Pode ser que muitas vezes, os nossos dias, os nossos anos, não estejam sendo contados pelo Senhor. Se você ainda não teve um encontro com o Senhor Jesus, saiba que, espiritualmente, você não tem nenhum dia na presença do Senhor. É necessário que você se arrependa, creia no Senhor Jesus e o confesse como Senhor, e então Ele vai te salvar, e algo espiritual, algo maravilhoso, acontecerá com você: você nascerá de novo, e terá o seu primeiro dia de vida diante de Deus!

Às vezes nós passamos muitos anos caminhando com o Senhor. Alguns de nós nascemos de novo faz vinte, trinta ou cinqüenta anos. Mas isso não significa que todos esses anos foram contados diante do Senhor. Às vezes, os nossos dias, nossos anos, têm sido consumidos por coisas que não agradam ao Senhor e não foram vividos na presença do Senhor, não foram vividos na ordem que Deus estabeleceu. Necessitamos nos voltar para o Senhor, e fazer esta oração que Moisés fez: "Senhor, ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio".

A figura do gafanhoto

Quero citar um versículo do livro de Joel. Há uma promessa de Deus ali. Talvez Deus possa falar ao seu coração da mesma maneira que falou comigo através deste versículo. Como disse no começo, freqüentemente o Senhor falou comigo me exortando, tanto animando-me, como advertindo-me. E este é um caso; é uma promessa do Senhor ao seu povo: "Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros" (Joel 2:25).

Esta é uma promessa do Senhor. O povo de Deus tinha vivido longe da vontade do Senhor, e por essa razão esses anos haviam sido consumidos, haviam sido perdidos. Mas agora o Senhor está prometendo-lhes que restituiria os anos que haviam sido consumidos.

Às vezes nós olhamos para trás, depois de algum tempo seguindo ao Senhor, e nos sentimos frustrados, porque parece que muitas coisas não valeram a pena; parece que perdemos muito tempo com tantas coisas, e não tivemos as prioridades de Deus bem fortes em nosso coração; parece que aquele tempo foi consumido, que não teve nenhum valor.

O Senhor promete que vai nos restituir esses anos. Talvez tenhamos perdido muito tempo até aqui, mas o Senhor está nos prometendo que ele vai restituir esses anos. Ele pode fazer tudo novo para nós outra vez. Esta palavra é maravilhosa, e gostaria de deixar-lhes esta palavra de encorajamento.

O Senhor vai restituir os anos perdidos. Não importa quantos anos foram perdidos, há esperança para todos nós! O Senhor é maravilhoso. Ele é um Pai bondoso, e pode nos dar novamente esse tempo, pode restaurar esse tempo perdido. Nosso Deus é um Deus de oportunidades. Talvez agora possamos olhar para o Senhor, e Ele pode nos dar uma nova oportunidade e restituir os anos que foram consumidos.

Aqui em Joel está dizendo que os anos do povo de Deus foram consumidos pelo gafanhoto. Essa foi uma disciplina de Deus. No Antigo Testamento, no livro de Deuteronômio, o Senhor disse que quando o povo não estivesse vivendo de acordo com a sua vontade, quando o povo deixasse o Senhor de lado, e não fizessem de acordo com aquilo que Deus tinha ordenado, Deus ia permitir que o gafanhoto consumisse todo o seu trabalho.

Neste caso, o Senhor está dizendo agora que se nos voltarmos para ele, ele vai restituir os anos que foram consumidos pelo gafanhoto. Talvez neste momento, cada um de nós diante do Senhor precisa perguntar o que tem sido o gafanhoto em nossa vida. O Senhor, por seu Espírito, pode dar luz aos nossos corações e nos mostrar o que tem sido esse gafanhoto. Talvez seja uma vida muito ocupada, que não tem tempo para buscar o Senhor, ou o esfriamento do nosso coração, ou a desobediência do nosso coração. O Espírito de Deus pode falar com cada um de nós, pode iluminar os nossos corações e nos mostrar qual é o gafanhoto.

O gafanhoto pode consumir os nossos anos diante de Deus, e pode devorar todo o fruto do nosso trabalho. Então, é importante que venhamos diante de Deus e que o Senhor nos mostre, que abra o nosso entendimento e nos faça ver o que é que tem sido o gafanhoto em nossas vidas, para que os nossos dias sejam contados na presença do Senhor, para que possamos dizer como Paulo no final da sua vida: "combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" (2ª Tim 4:7).

Paulo completou a sua carreira porque certamente os seus anos foram contados diante de Deus. Se não fosse assim, a sua carreira não teria sido completada. Mas, graças a Deus, ele pôde dar esse testemunho de que completou a sua carreira. Nós temos o testemunho de Paulo que Deus é fiel, e Deus pode fazer que completemos a nossa carreira também.

Mas se os nossos anos foram consumidos pelo gafanhoto, não será fácil completar a nossa carreira. Pelo contrário, pode ser que não a completemos, e isso seria uma coisa terrível diante do Senhor. Mas, graças a Deus pela bondade de Deus; uma e outra vez Ele fala por seu amor para conosco. Ele nos chama a atenção como um Pai bondoso, nos mostra qual é o caminho que devemos seguir. O Senhor me mostrou muitos gafanhotos em minha vida. Graças a Deus, Ele é poderoso e bondoso para restituir-nos os anos que foram consumidos.

Alimentando-nos de gafanhotos

Há uma pessoa muito importante no Novo Testamento que viveu na vitória de Deus. É João Batista. Vocês se lembram qual era a comida de João Batista? Gafanhotos! Este é um testemunho maravilhoso do Espírito Santo em Sua Palavra. Aquelas coisas que podem fazer consumir os nossos anos são as mesmas coisas que podem também nos levar a contar os nossos dias diante de Deus e podem nos fortalecer no Senhor. João Batista se alimentava de gafanhotos. Os “gafanhotos” não consumiram os seus anos, mas ele se alimentava deles.

Muitas vezes as tribulações, as aflições da nossa vida, os problemas entre irmãos, os problemas na família, os problemas de saúde, os problemas financeiros e toda sorte de coisas, podem estar consumindo os nossos anos. Mas, se formos diante do Senhor, todas essas coisas vão nos fazer mais sábios e vão nos levar a contar os nossos dias diante de Deus. Vão nos fortalecer diante do Senhor, e Ele vai usar isso como uma comida para nós.

Quando lembramos do povo de Deus que saiu do Egito para entrar em Canaã, o testemunho deles antes de entrar era que aquelas pessoas em Canaã eram gigantes, e eles se sentiam como gafanhotos. Então o povo murmurou diante de Deus. Mas duas pessoas, Josué e Calebe, proclamaram que o Senhor estava com eles, e porque o Senhor estava com eles aqueles gigantes seriam como pão para eles.

Eu creio que não foi em vão que o Senhor, pelo Espírito Santo, tenha registrado que João Batista se alimentasse de gafanhotos. João Batista tem um testemunho diante de Deus, e uma das coisas maravilhosas na vida do profeta é que ele era um naziereu, uma pessoa consagrada ao Senhor. E como vocês se lembram, um nazireu não podia cortar o seu cabelo, não podia tocar em coisas mortas e também não podia tomar vinho.

Esta é uma situação importante para nós. Quando nós queremos comer os gafanhotos, quando queremos contar os nossos dias, precisamos nos consagrar ao Senhor, como um nazireu. Ter os nossos cabelos crescidos, não fisicamente, mas espiritualmente, significa negar-nos a nós mesmos, tomar a cruz e seguir ao Senhor, dia a dia.

Não é que o vinho, que alegra o coração do homem, seja pecaminoso. Nós podemos tomar vinho. Mas aqui, espiritualmente, é uma figura de que muitas vezes, por amor ao Senhor, deixamos de lado algumas coisas que são boas, para nos dedicar a Ele.

Outra coisa que um nazireu fazia era não tocar em coisas mortas. Espiritualmente, isto nos fala que também não devemos tocar as coisas que aos olhos do Senhor são mortas. Precisamos estar diante de Deus em consagração, e Ele é quem pode nos ajudar, porque em nós mesmos não temos forças. Mas com a ajuda do Senhor, por Seu Espírito, podemos ir adiante e rogar-lhe que nos ajude a contar os nossos dias, e assim os nossos dias serão contabilizados pelo Senhor.

O Senhor tem-nos dito, então, que devemos remir o nosso tempo. Que Ele nos ajude, que Ele nos fale ao coração, para que possamos remir o nosso tempo nestes dias tão maus, e correr a nossa carreira de forma que agrade ao nosso Pai, de forma que traga glória ao Senhor, e quando chegarmos diante dEle possamos ouvir aquela frase maravilhosa: "Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco sobre o muito te colocarei; entra no gozo do seu Senhor".

Que o Senhor nos abençoe. Amém.

No Seu amor,

BP

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Nota: Esta é a segunda parte de uma mensagem que compartilhei com os irmãos em Temuco - Chile em maio/2006. A mesma foi transcrita e publicada primeiramente pela revista Águas Vivas em Espanhol.

23/04/2008

Remindo o tempo: as prioridades da nossa vida

“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor”. (Efésios 5:15-17).
(Versão Almeida Revista e Atualizada)

Gostaria de enfatizar o versículo 16 desta passagem: "...remindo o tempo, porque os dias são maus". Passei algumas experiências nos últimos anos com o Senhor, e recentemente Ele pôs este versículo em meu coração como exortação, advertindo-me e ao mesmo tempo encorajando-me.

"Aproveitando bem o tempo". A versão revista e atualizada traduz "remindo o tempo", ganhar o tempo, aproveitando ao máximo o tempo, porque os dias são maus. Estamos vivendo dias muito difíceis e precisamos olhar para o Senhor para nos animar e nos fortalecer.

Nestes dias, o Senhor tem falado particularmente ao meu coração, para que eu mesmo possa me voltar para ele e remir o tempo que ele tem me dado. Vivemos dias muito trabalhosos, e toda sorte de coisas tem acontecido para roubar o nosso tempo. Todos nós temos vinte e quatro horas por dia, mas parece que há tantas coisas para fazer, que não temos tempo para o Senhor. Algo está errado conosco. Talvez não com vocês, mas sim comigo.

Nestes dias, o Senhor tem tocado o meu coração, para pôr algumas coisas em ordem em minha vida, porque por algum tempo, nos anos recentes, tenho estado tão ocupado com algumas coisas que, aquilo que é de fato muito importante diante do Senhor acaba sendo colocado de lado. Mas graças ao Senhor, que Ele tem falado comigo, e espero e desejo que o Senhor fale com cada um de vocês.

Quando refletimos sobre este assunto de “remir o tempo”, nos vêm dois pontos importantes e que eu gostaria de compartilhar com vocês.

As prioridades da nossa vida

Quando pensamos em como usar o nosso tempo ou como usá-lo melhor para o Senhor, uma primeira coisa que precisamos ver é quais são as prioridades do nosso coração, quais são as coisas mais importantes. E poderíamos nos perguntar: Será que o Senhor tem algum critério para nos dizer qual é a coisa mais importante?

Ainda que sejamos família celestial, povo celestial, nós estamos vivendo na terra. Não somos deste mundo, mas vivemos aqui. E precisamos olhar para o Senhor e perguntar a ele qual é a ordem de prioridades que Ele tem para a nossa vida.

Eu creio que quando o Senhor, pelo Espírito Santo, levou Paulo a escrever Efésios, a partir do versículo 5:18, o Senhor o conduziu a colocar as coisas em uma ordem de prioridades para nós. A primeira delas está no versículo 18 a 21:

"Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução; mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, com hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vossos corações; dando sempre graças por tudo a Deus e Pai, no nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Submetei-vos uns aos outros no temor de Deus" (v. 18-21).

Quando nós pensamos em prioridades, no que gastar o nosso tempo, então precisamos ver o que Deus coloca em primeiro lugar para nós. Eu entendo que aqui a primeira coisa que o Senhor coloca é a nossa vida diretamente com ele. A prioridade número um para nós é a nossa vida com o Senhor.

A segunda coisa da qual Paulo fala é a relação entre marido e mulher. (Ef. 5: 22-33). Esta é uma segunda prioridade para nós, para aqueles que são casados. E a terceira que Paulo fala é sobre os filhos, a família. (Ef. 6:1-4). A quarta prioridade na seqüência é com respeito ao nosso trabalho, a respeito dos servos e os patrões. (Ef. 6:5-9). E por último, ele fala do nosso ministério, da nossa guerra espiritual, do nosso serviço aos santos, da nossa vida de oração. (Ef. 6:10-20).

Então, se hoje desejamos ordenar o nosso tempo segundo a vontade de Deus, é importante que vejamos estas prioridades. Por isso o Senhor está dizendo que devemos viver prudentemente, como sábios, e não como néscios. Precisamos procurar conhecer a vontade do Senhor.

Qual é a vontade do Senhor para nós? Há muitos anos atrás, quando comecei a seguir ao Senhor, eu não tinha clareza a respeito destas prioridades. Então, por algum tempo, as prioridades da minha vida estavam invertidas, e sempre há um prejuízo quando isso acontece. Neste assunto de remir o nosso tempo, necessitamos em primeiro lugar ver as prioridades do Senhor. Muitas vezes temos percebido no meio do povo de Deus muitos prejuízos, muitos desastres, muitas pessoas feridas, porque essas prioridades estão invertidas.

É muito natural que em primeiro lugar nós tenhamos ao Senhor. Isto está claro na Palavra. Precisamos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas nos serão acrescentadas. Mas muito freqüentemente invertemos essa ordem, procuramos as outras coisas e não procuramos o reino de Deus; e ficamos sem o reino de Deus e também sem as outras coisas. Se procurarmos as outras coisas e não o reino de Deus, não recebemos nem as outras coisas nem o reino de Deus.

É um grande prejuízo quando não percebemos as prioridades de acordo com a vontade do Senhor. Às vezes, temos muitas desculpas para não fazer a Sua vontade. Como o Senhor Jesus falou com os escribas e fariseus, ele estava chamando a atenção deles porque eles diziam que se fosse oferecida alguma coisa ao Senhor e descuidassem dos seus pais, isso estaria bem. E o Senhor lhes disse: "Não, vocês estão invalidando a Palavra de Deus".

Muitas vezes dizemos que queremos servir ao Senhor, e deixamos de lado os nossos pais ou a nossa família, e isto é uma inversão das prioridades de Deus. Às vezes, nós que somos casados queremos servir ao Senhor, e colocamos a obra de Deus em primeiro lugar. Mas Deus nos diz que devemos ser fiéis no pouco, e ele nos colocará sobre o muito. Muitas vezes ser fiéis no pouco significa dar atenção à nossa família, à nossa esposa. Isto é muito importante.

Conheço alguns servos do Senhor, que depois de muitos anos trabalhando na obra de Deus tem nos dito que se começassem novamente, não fariam como fizeram, porque eles tinham a ordem invertida, deixaram a sua família em um grande prejuízo por causa da obra de Deus.

Não me entendam mal; não estou querendo dizer que não temos que estar na obra do Senhor. Mas é necessário ter um equilíbrio. Para que sejamos edificados, para que haja harmonia em nossas vidas, para que o nosso tempo seja bem investido, precisamos ter essa ordem de Deus muito clara em nossos corações.

Às vezes, temos colocado o nosso trabalho em primeiro lugar. E dizemos: 'Eu preciso trabalhar para sustentar a minha família', e então trabalhamos muito. Muitas vezes isso é um engano de Satanás. Lembrem do povo de Deus no Egito. Uma das estratégias de Satanás, a estratégia de faraó, foi pôr mais trabalho sobre o povo. Faraó disse: 'Vocês estão com muito tempo ocioso, por isso vocês querem oferecer sacrifícios ao Senhor. Então, eu vou tirar-lhes a palha, e terão que produzir mais tijolos'.

Este é um sistema que impera hoje também. Tiram a palha e temos que produzir mais. Precisamos colocar as coisas em ordem. As prioridades de Deus devem estar em seu lugar; e também temos que fazer todas as coisas de acordo com a Sua vontade. Por isso, esta palavra de Paulo é tão importante.

Devemos viver, não como néscios, mas como sábios; devemos procurar a vontade de Deus. Dessa forma o Senhor nos mostrará qual é a sua vontade e como ter uma vida equilibrada para remir o nosso tempo. Esse é o primeiro ponto. Que o Senhor nos abençoe e nos dê clareza a respeito das suas prioridades; que não invertamos essas prioridades, e que também não enfatizemos mais umas em detrimento de outras.

Quando a nossa vida com Deus, a nossa busca do Senhor, está em primeiro lugar, Ele então irá nos dar sabedoria para ter as outras prioridades na ordem correta.

Que o Senhor nos abençoe nisto.

Em Cristo,

BP
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Nota: Esta é a primeira parte de uma mensagem que compartilhei com os irmãos em Temuco - Chile em maio/2006. A mesma foi transcrita e publicada primeiramente pela revista Águas Vivas em Espanhol.

08/04/2008

Livros que fazem a diferença

“De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é como a pena de habilidoso escritor”. (Salmos 45:1)

Quando vieres, traze... os livros...” (Paulo a Timóteo seu filho na fé – 2 Tim 4:13)

Se me perguntarem qual livro causou maior impacto em minha vida, confesso que não poderia escolher apenas um. Em cada época da minha caminhada com o Senhor teve um livro marcante e que trouxe muita benção ao meu coração.

Algumas vezes esses livros serviram para inflamar em mim o fogo no pavio que estava fumegando. Outros foram usados pelo Senhor para trazer abertura de olhos. Também trouxeram ânimo em momentos de muita fraqueza e desolação. Foram usados para corrigirem o meu entendimento em muitas questões espirituais. Trouxeram bálsamo a uma alma ferida...

Que herança bendita temos recebido de muitos irmãos e irmãs! Graças ao Senhor porque muitos desses livros foram frutos de palavras que transbordaram o coração desses habilidosos escritores. Como é bom e oportuno manter comunhão com a mente e coração de tantos servos e servas do Senhor através da leitura. De outra forma essa comunhão seria impossível.

Entretanto, por onde começar? Ou, se temos trilhado esse caminho de comunhão com muitos membros do corpo de Cristo através dos seus escritos, como escolher o que ler e a quem ler?

Tenho pra mim que um dos grandes problemas hoje é o excesso de informação. Há muito material cristão disponível. Por exemplo, se você fizer uma busca na internet irá encontrar muito material. Livros, artigos, reflexões... até mesmo esse blog que você está lendo! Mas a questão é: o que devo ler? "Administrar" a quantidade de informação disponível não é nada fácil.

Creio que uma boa prática seja seguir as pegadas do rebanho do Senhor, ir atrás daqueles que já avançaram mais do que nós no caminho espiritual e pela experiência e conhecimento adquiridos podem nos indicar o que ler e a quem ler. Sendo maduros no Senhor, eles, “...pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Heb 5:14), e assim podem nos dar uma boa ajuda, livrando-nos de perdermos tempo precioso ou de entrarmos em caminhos de engano.

Mas nunca nos esqueçamos, que por mais que algum irmão ou irmã seja crescido no Senhor, ele ou ela ainda vê em parte. O que você vier a ler será sempre uma visão em parte (cf 1 Cor 13:9). Apenas um livro é a revelação plena de Deus: a Bíblia! E permita-me aproveitar para dizer a você: somente se lance à empreitada de ler livros espirituais se primeiro você estiver lendo a bíblia. Você precisa ir direto à fonte das águas. Deixe Deus falar diretamente com você pelas Escrituras e então busque a comunhão com aqueles preciosos irmãos através dos seus escritos.

Alias, deixe-me sugerir uma coisa a você sobre a leitura da bíblia: não faça a sua leitura devocional, ou a sua leitura diária utilizando as bíblias comentadas. Utilize essas bíblias apenas quando você for estudar algum assunto específico. O que o comentarista escreveu pode influenciar o seu entendimento ou mesmo ofuscar aquilo que Deus deseja falar com você na sua leitura. Pessoalmente não gosto da simplificação que é feita com a Bíblia ultimamente. Há uma proliferação enorme de “bíblias especializadas”: “bíblia do adolescente”, “bíblia da mulher”, “bíblia dos obreiros”, “bíblia de batalha espiritual”... e por aí vai. Não posso julgar os motivos por trás da publicação de tais bíblias, mas “cheira a marketing” para aumentar as vendas e não a promoção do reino de Deus.



Bem, mas deixe-me voltar ao assunto que quero trazer nessa postagem. Gostaria de recomendar a leitura de um livro (Não que eu seja a pessoa experimentada que citei ateriormente, mas certamente já passei por caminhos que muitos que estão começando ainda irão passar). Esse livro impactou bastante a minha vida na caminhada com o Senhor. O li há 26 anos atrás! E como foi benção para mim. Esse livro se tornou um clássico sobre a vida cristã e tem abençoado milhares (ou milhões) de filhos de Deus. Me refiro ao “A Vida Cristã Normal” de Watchman Nee.


A edição da Editora Fiel está esgotada há muitos anos, mas recentemente foi reeditado pela Editora Tesouro Aberto e pode ser adquirido pelo seu site.

Certamente, muitos dos que lêem esse blog já tiveram a oportunidade de lê-lo. Mas se você ainda não o fez, o encorajo a fazê-lo. Questões cruciais da vida cristã são abordadas pelo autor. Há algo que muito me impressiona nesse autor. Sempre que leio os seus livros, percebo a unção do Espírito fluindo. O irmão Angus Kinnear, quem publicou a primeira edição desse livro, resume bem o conteúdo do mesmo dizendo que há “uma forte ênfase na grandeza de Cristo e da suficiência da Sua obra”.

Boa leitura! Que o Senhor o(a) abençoe.

No Amor do Senhor,

BP

30/03/2008

O reino dos céus é tomado por esforço - Parte 3

“...o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele”. (Mateus 11:12)

Caríssimos:

Concluindo nossas reflexões sobre "o reino dos céus é tomado por esforço" eu gostaria de dar alguns exemplos da Palavra do Senhor, apenas como indicações, de algumas coisas em que podemos nos esforçar. Entretanto, cada um pode ir diante do Senhor, e descobrir em que área ou em quais situações você percebe que Deus quer que você se esforce, que você faça violência a si mesmo e se apodere da realidade do reino dos céus. Eu darei alguns exemplos que estão na Palavra de Deus usando a versão Almeida, revista e atualizada. São alguns exemplos de pessoas que se esforçaram. Em alguns casos é utilizada a mesma palavra no grego para o verbo "esforçar" de Mateus 11:12.

Os três primeiros exemplos estão relacionados à vida. Os outros quatro ao nosso serviço ao Senhor.


1) Esforçar-se por ter sempre uma consciência pura diante de Deus e dos homens

O primeiro exemplo vem de Paulo. Ele diz assim:

“Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens”. (At 24:16)

O apóstolo Paulo está dizendo que ele se esforçava sempre para ter uma consciência pura diante de Deus, mas não só diante de Deus, também diante dos homens.

Podemos achar que isso é muito simples. Entretanto, não é tão simples cumprir isso. Requer violência em nós mesmos. Requer um esforço de nossa parte, não no braço da nossa carne como já mencionei, mas na força e no poder do Espírito de Deus em nós, como Paulo nos lembrou que é, “segundo a Sua eficácia que opera em mim”. E é interessante que a Palavra nos diz que Paulo se esforçava para ter essa consciência pura diante não só diante de Deus, mas diante dos homens. E vejam, não está falando diante dos irmãos, mas diante dos homens, diante de todas as pessoas.

Há muitos problemas de relacionamentos que experimentamos com as pessoas e assim não temos uma consciência pura diante delas. Quantas vezes nós as ofendemos e não tratamos aquela ofensa, e a nossa consciência fica manchada, a nossa relação com aquela pessoa rompe-se. Quantas vezes temos visto a comunhão entre os irmãos em Cristo ser rompida porque as suas consciências estão manchadas. Quantas vezes falamos alguma coisa que ofendeu a alguém, cristão ou não cristão, mas não temos uma consciência pura para com aquela pessoa nem nos esforçamos para isso, e o nosso testemunho para com aquela pessoa, se for incrédula, fica muito comprometido.

Eu me lembro de um fato muito interessante que me ocorreu: Muitos anos atrás, na cidade onde eu moro, os irmãos de várias denominações, realizaram um trabalho ao ar livre e convidaram alguns pastores e líderes das assembléias da cidade para cooperarem naquele evento e coube a mim orar para o início do mesmo. E assim fiz. Subi no carro de som (um daqueles caminhões enormes com um pesado equipamento de som) que estava perto da praia, e publicamente orei. Mas depois que terminou o evento encontrei ali com uma pessoa conhecida, um rapaz, e ele me disse: “Que bom que eu encontrei você aqui!” Eu respondi, “Que bom ver você aqui também!” E logo perguntei: “Você também é um cristão”? Ele respondeu: “Sou, sou um cristão”. E foi-se embora. Passou-se um tempo e um dia ele apareceu na minha sala de trabalho (ele trabalhava na mesma área que eu). Chegou todo sem jeito, e me disse: “Gostaria de falar uma coisa com você: naquele dia você me perguntou se eu era um cristão, e eu disse que sim, mas eu queria dizer pra você que eu não sou, eu não falei a verdade com você”. Ele veio arrependido, sem graça, emocionalmente tocado. Ele estava falando e as suas palavras eram um pouco trêmulas. Nunca esquecerei essa cena! Um incrédulo que não tem o Senhor se esforçou para ter uma consciência pura para comigo. Muito mais nós, que temos o Senhor, deveríamos nos esforçar.

A nossa consciência, às vezes, não é pura para com o nosso cônjuge, nossos filhos ou nossos irmãos em Cristo. Falhamos muitas vezes. Paulo está dizendo: “... eu me esforço”. Ele tinha uma atitude de cooperação com Deus. Podemos dar graças ao Senhor porque diz a Palavra que o sangue de Jesus limpa as nossas consciências. Diante de Deus basta nos arrependermos e confessarmos. O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. Que coisa gloriosa! Estarmos limpos, com a consciência limpa e pura diante de Deus, mas também precisamos estar com ela pura diante dos homens. Isso é parte do reino dos céus e para nos apropriarmos deste reino requer violência a nós mesmos. Esse rapaz que citei não era cristão. E ele teve que negar a si mesmo. Foi difícil para ele, ele estava trêmulo quando falava comigo. Mas ele sentiu-se na obrigação de ser verdadeiro mesmo sem ter o Senhor!

Esforcemo-nos por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens!

2) Esforçar-se para ser agradável ao Senhor

Em 2 Coríntios 5: 9. Paulo mais uma vez vai nos dizer em que se esforçar: “É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis”.

Há aquele pensamento de que não precisamos fazer nada. Alguns vão dizer: “Não tente agradar a Deus, você não vai conseguir, não tente”. Sim, em sua carne jamais será possível! Mas no poder de Deus é possível. No Espírito de Deus, que fortalece o nosso homem interior, é possível. Baseado nesta força que vem de Deus é que Paulo está falando: “É por isso que me esforço para ser agradável ao Senhor”. A nossa prioridade tem que ser agradar ao Senhor.

Davi declarou ao Senhor: “Bem sei, meu Deus, que tu provas os corações e que da sinceridade te agradas” (1 Cron 29:17). Da sinceridade! Oh, quantas falhas tem em nós, quantos fracassos, quantas coisas negativas. Entretanto, Deus se agrada da sinceridade. Deus se agrada do coração sincero. Podemos confessar ao Senhor: “Senhor, eu não estou bem. Eu estou com este problema, eu estou nessa situação horrível, o meu temperamento é terrível Senhor. Mas eu quero te agradar. Socorra-me”. O Senhor que se agrada da sinceridade do nosso coração, certamente virá em nosso socorro.

Podemos fracassar em muitos aspectos da nossa vida, mas devemos ser sinceros para com o Senhor, sem usar os “joguinhos de palavras”. Às vezes usamos estes joguinhos de palavras espirituais com os irmãos, damos a aparência de sermos tão espirituais. As pessoas podem até achar que somos espirituais, de que a aparência corresponde à nossa realidade. Mas com o Senhor isso não vale, Ele vê o coração! Devemos ir diante do Senhor e dizer “Senhor, eu não estou bem. Eu quero agradar a ti, me ajude. Senhor eu acabei de desagradar a ti, de ferir o teu Espírito Santo, entristeci o teu Espírito, mas Senhor eu não quero isto, eu quero agradar a ti”. O Senhor se agrada da sinceridade e se agirmos com sinceridade diante dEle, abriremos caminho para a benção de Deus em nossas vidas.

3) Esforçar-se para entrar no descanso do Senhor

Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência”. (Heb 4: 11)

“Esforcemo-nos, pois por entrar naquele descanso”.
Para mim esta é uma palavra extremamente paradoxal. Parece contraditória. Você precisa entrar no descanso e, no entanto, está dizendo para você se esforçar para entrar nele. Que coisa estranha a primeira vista. Mas é a Palavra do Senhor que está nos dizendo para todos nós, todos os filhos de Deus, sem exceção, “esforçarmo-nos para entrarmos no descanso que Deus tem preparado”.

Alguns estudiosos do grego nos dizem que esta palavra, “esforçar” significa “concentrar toda a nossa energia para atingir um alvo”. Todo o nosso esforço, não da carne, mas de acordo com o poder de Deus que opera eficientemente em nós. E que descanso é este? O escritor de Hebreus está falando que este descanso é “aquela boa terra”, e usa como ilustração a saída do povo de Deus do Egito, e a sua entrada na terra prometida. Sabemos que esta boa terra é figura de Cristo e das Suas riquezas insondáveis. E quando nós entramos nesta terra, encontramos descanso para as nossas almas. Queridos, isto não é só para a glória, é para agora, para o momento presente.

Quantas contendas dentro de nós mesmos! Não estou falando em contender com os irmãos, com as pessoas do mundo, com os filhos ou com o cônjuge, mas com você mesmo! Olhe para dentro de você: quantas contendas podem estar acontecendo aí. Há uma “guerra civil” dentro de você! Você quer fazer a vontade de Deus, mas algo dentro de você se opõe para não fazer. Há uma disputa interna! Entretanto, a palavra do Senhor nos diz para nos esforçarmos, concentrar todas as nossas energias para atingir aquele alvo, do descanso que é Cristo a nossa boa terra – a vida de Cristo em nós, de maneira prática.

Como isso é possível? No livro de Hebreus, capítulo 4, está dizendo que todo aquele povo, no Antigo Testamento, o povo de Deus, não pôde entrar. E por quê? Porque mesmo ouvindo a Palavra de Deus, essa Palavra não foi aproveitada porque não foi acompanhada com a fé. Não puderam entrar por causa da incredulidade!

Queridos, precisamos nos esforçar, colocar toda a nossa energia para atingir esse alvo de Deus para nós. Conhecemos bem a história do povo de Deus no Antigo Testamanto. Eu nasci num lar cristão e conheço essa história desde que era menino. Um povo numeroso que saiu do Egito para ir tomar posse de uma terra que o Senhor havia dado a ele. De seiscentos mil homens capazes de sair à guerra, apenas duas pessoas entraram!. E por que elas entraram? Se você buscar na Palavra, você vai encontrar a razão. Está dito que Josué e Calebe entraram porque eles perseveraram em seguir ao Senhor. Eles perseveraram! Esforçaram-se! Eles colocaram todas as suas energias para atingir aquele alvo de Deus que era a boa terra. Não se deixaram levar pelos outros dez espias que deram um mau relatório a respeito daquela terra. Pelo contrário, eles colocaram todas as suas energias e ainda, de acordo com a Palavra de Deus, tentaram animar os seus irmãos, embora sem sucesso. Mas, eles entraram porque perseveraram em seguir o Senhor! Aleluia!

Será que nós não vamos experimentar as riquezas de Cristo agora? Precisamos receber muitas vitórias! Vitórias sobre o pecado, sobre a carne, sobre o mundo e sobre Satanás. Tudo nos foi dado em Cristo e muitas vezes fico perplexo com o meu próprio viver. Tendo recebido tudo como herança de Deus me vejo vivendo uma forma miserável espiritualmente. Isso está errado! Precisamos perseverar, nos esforçar, para entrarmos naquela riqueza que é nossa em Cristo.

Como aconteceu com Josué? O Senhor disse para Josué que “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés” (Josué 1:3). As riquezas de Cristo são nossas, mas precisamos tomar posse delas! Paulo mesmo diz que ele prosseguia “para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fil 3:12). Ele queria conquistar, ele queria possuir, ele queria segurar aquilo que ele recebeu em Cristo. Assim também nós devemos fazer! A melhor ilustração que me vem ao coração com relação a nos esforçarmos para entrar no descanso do Senhor, a lutarmos para isso, é aquela citação de Jacó, quando ele estava atravessando o váu de Jaboque. Ele começou a lutar com um homem, e lutou a noite inteira, quando percebeu algo muito importante a tempo: Ele percebeu que estava lutando não com uma pessoa comum, mas com Aquele que era o abençoador. E qual foi a palavra dele para o Senhor? “Não te deixarei ir se não me abençoares” (Gn 32:26). Que glória!

Quando não estamos bem, devemos ir ao Senhor e lutarmos com Deus, nos esforçarmos para entrar no Seu descanso. Mas espera lá, vamos com calma. Nós temos ouvido muito por ai, nas rádios e nas televisões em alguns programas, onde as pessoas estão ordenando as coisas para Deus e estão nos dizendo: “você tem que determinar que Deus faça tal coisa”. Não! De modo algum! Devemos lutar com Deus sim, mas o Espírito de Deus foi tão maravilhoso que nos deu uma indicação de como foi que Jacó lutou com Deus. O Espírito Santo registrou essa luta de Jacó no profeta Oséias. E em Oséias está escrito que ele lutou com Deus e prevaleceu. Mas como foi que ele prevaleceu? Dizem as Escrituras: “Chorou e rogou mercê” (Os 12:4). Essa foi a luta dele e deve ser a nossa luta também diante de Deus. Vamos lutar com o Senhor. Vamos perseverar para entrar no descanso de Deus, naquilo que Ele tem para nós. O Senhor tem coisas tão grandes que nós não experimentamos ainda. A Palavra de Deus nos diz das insondáveis riquezas de Deus em Cristo!


4) Esforçar-se para fazer o bem

“Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quando depender de vós, tende paz com todos os homens”. (Rm 12:17)

“Esforçai-vos por fazer o bem”! Esse é o imperativo da Palavra de Deus.

Às vezes consideramos que essa é uma palavra muito simples, simples demais, pois é obvio que devemos fazer o bem. Paulo está dizendo para nos esforçarmos por fazer o bem diante de todos os homens, não só diante dos irmãos, diante daqueles que amamos. Mas diante de todos os homens. No livro de Gálatas também está escrito: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo” (o que vai acontecer?) “ceifaremos, se não desfalecermos” (Gal 6:9). Deve existir um esforço para não desfalecermos. Quantos de nós muitas vezes estão sem força, paramos na caminhada, paramos na carreira. O apóstolo Paulo insta com Timóteo para combata o bom combate da fé. Ele mesmo diz: “Combati o bom combate”, (e o que mais?) “completei a carreira, e guardei a fé” (2 Tim 4:7). E ele até diz que, como conseqüência disso estava reservada para ele a coroa. Ou seja, o reino tinha sido tomado por Paulo, ele se apoderou dele! Ele tinha a convicção pelo Espírito de Santo que Deus tinha reservado a coroa para ele. E por quê? Porque ele tinha feito violência a si mesmo. Veja o que ele descreve para os irmãos em Corinto. Veja como ele se esforçou para se apoderar do reino de Deus. Leia com atenção o que ele escreveu:

“Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”. (2 Cor 6:4-9)

Fazei o bem! Às vezes podemos nos cansar. Por exemplo, até mesmo dentro da nossa casa. Conheço alguns pais que têm lutado com os filhos, ajudando-os sem medida. Entretanto os filhos parecem não se importar com aquilo que seus pais fazem. E então, depois de muito labor, esses pais tomam uma atitude de parar. Cansam-se. Eles dizem: “Ah, assim não dá! Cansei! Não dá mais!” Mas, precisamente num momento como esse é que é necessário lutar com Deus e pedir ao Espírito de Deus que fortaleça o seu homem interior para você continuar fazendo o bem.

A Palavra do Senhor para nós é: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gal 6:9). “Esforçai-vos”!

5) Esforçar-se para preservar a unidade do Espírito

Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:3)

Este é outro exemplo, uma outra indicação de Deus em sua Palavra no que nós devemos nos esforçar: preservar a unidade do Espírito, a unidade que já nos foi dada em Cristo Jesus.

Devemos nos esforçar nesse assunto da unidade. Não há valor em falarmos que somos um com todos os irmãos apenas de palavras. Não! Mas como João, o apóstolo, diz, deve ser de fato, de verdade. Precisamos nos esforçar, e há muitas questões práticas envolvidas aqui que vão nos mostrar se estamos nos esforçando para guardar aquela unidade que já nos foi dada. Quanto a unidade da fé ainda vamos alcançá-la, mas a unidade do Espírito já nos foi outorgada (cf. Ef 4:3,13). Entretanto, há uma responsabilidade que nos foi dada: devemos nos esforçar para guardá-la. E ainda, não é de qualquer forma, mas diligentemente, como nos diz a Palavra.

Cremos que todos os filhos de Deus, todos aqueles que nasceram de novo formam o corpo de Cristo. Desejamos ser um com todos eles. E por quê Paulo diz que devemos preservar essa unidade do Espírito? Ele vai dar a razão logo a seguir. Veja o que ele diz nos versículos seqüentes:

“Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”. (Ef 4:4-6)

Não deve haver nada além dessas coisas como condição para estarmos unidos aos irmãos, para sermos um no corpo de Cristo. Infelizmente o que tem prevalecido durante a história da igreja e mesmo nos nossos dias, é divisões e mais divisões entre os filhos de Deus. Às vezes por qualquer motivo alguns deixam de congregar. E ainda se justificam dizendo: “Não, não me reúno mais não! Tal irmão falou algumas coisas e eu não concordo! Eu não tenho o mesmo entendimento que ele! Vou reunir em outro lugar!” Outro diz: “Ah aquele irmão! Não suporto o temperamento daquele irmão! Vou me congregar em outro lugar!” E por aí seguem. Mas meus irmãos, deve haver um esforço, você tem que ser violento, não com os irmãos, mas com você mesmo, tomar sua cruz e negar a si mesmo, seguir ao Senhor e preservar a unidade do Espírito. Esta é nossa responsabilidade.

Admira-me que coisas tão pequenas e sem sentido atrapalham e embaraçam o nosso coração. E a razão disso é porque não tomamos a nossa cruz. Não queremos fazer violência a nós mesmos para nos apropriarmos do reino dos céus. E por isso, quebramos, na vida prática, a unidade do Espírito. Irmãos, a Palavra do Senhor nos indica que deve existir um esforço da nossa parte para que a unidade do Espírito possa ser mantida.

“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”. (Ef 4:1-2)

Que o Senhor nos ajude nisto.

6) Esforçar-se nas orações em favor dos santos

“Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus”. (Col 4:12)

Que exemplo maravilhoso para todos nós o que ficou registrado a respeito de Epafras. “O qual se esforça”! E não é de qualquer forma! – “Sobremaneira”! Isso não é suficiente, esta tradução colocou de uma maneira enfática: “Continuamente por vós”!

Precisamos nos esforçar na oração, e temos aqui Epafras como um exemplo de quem se esforçava. A palavra no original grego que foi traduzida aqui por “se esforça” tem um sentido muito mais forte. O seu sentido no original é “agonizar”. Ele se agonizava na oração em favor dos irmãos para que eles pudessem ser conservados perfeitos e plenamente convictos em toda vontade de Deus! Que Deus levante no nosso meio, nas nossas assembléias muitos Epafras para interceder pelo povo de Deus continuamente, para agonizar-se em favor dos filhos de Deus. Outro exemplo que temos é o próprio Paulo que, referindo-se a si mesmo, disse que sofria as dores de parto até ser Cristo formado nos irmãos (cf Gal 4:19). Epafras fez a mesma coisa. Ele agonizou em oração em favor dos irmãos.

Quando estamos na carne, nos nossos próprios interesses, não oramos por nossos irmãos! Mas se queremos nos apropriar do reino dos céus, precisamos nos esforçar, e aqui está um exemplo do que nós podemos nos esforçar. E geralmente é nessa questão da oração que muitos de nós fracassam.

Às vezes, reclamamos de alguns irmãos. Dizemos: “Esse irmão é muito problemático, não tem jeito!” Ou, “Aquela irmã é quem fez isso!” Ficamos torcendo até para que Deus a mande para outro lugar, para outra cidade. Nos sentimos até aliviados quando algum irmão ou irmã deixa de estar conosco seja por qual motivo for. O triste de tudo isso é que poucos estão dispostos a pagar o preço de se agonizarem diante de Deus em oração por aquela vida. Mas a Palavra de Deus nos chama hoje a nos esforçarmos na oração em favor dos nossos irmãos, em favor de nós mesmos, em favor de tantas coisas que é do interesse de Deus. Epafras se esforçava, se agoniza sobremaneira, continuamente em favor dos irmãos. Que Deus levante-nos como "Epafras" hoje!


7) Esforçar-se na pregação do evangelho

Há um último exemplo que gostaria ainda de mencionar. Novamente Paulo nos dá este exemplo:

Esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio”. (Rm 15:20

“Esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho”! Percebemos nas Cartas que Paulo escreveu e no livro de Atos como ele se afadigou para pregar o evangelho. Como ele se esforçou para proclamar o evangelho. Ele dizia: “porque ai de mim se não pregar o evangelho” (1 Cor 9:16). Havia um senso de responsabilidade em pregar o evangelho. Ele se esforçou a tempo e fora de tempo. Onde o Senhor o levava, ele pregava, ele se esforçava.

Vejam a pessoa do Senhor Jesus. Nos exemplos do Senhor, vemos como Ele se esforçava para fazer coisas! Inclusive para pregar o evangelho! Ele mesmo disse certa feita a seus discípulos: “Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim” (Mc 1:38). Incansavelmente o Senhor pregava!

Eu tenho um desejo muito grande no meu coração de ver nas assembléias que eu conheço, principalmente onde eu moro, todos engajados na pregação do evangelho. Irmãos, às vezes julgamos que fomos chamados para nos reunirmos no nome do Senhor e que devemos nos preocupar apenas com a edificação da casa de Deus. Alguns de nós caem no engano de achar que muitas das assembléias tem somente número, mas muito pouca realidade. E usamos isso como desculpa para não avançarmos na pregação do evangelho. Quão enganoso é isso. Quando as pessoas são salvas, elas são acrescentadas ao corpo de Cristo e o crescimento é Deus quem vai dar. Ganhar almas é parte fundamental da edificação da casa de Deus! Cada pessoa que é ganha para o Senhor é uma pedra viva da casa de Deus!

Que o Senhor possa levantar nas assembléias dos cristãos um desejo ardente de ganhar almas. Que possamos nos esforçar em pregar o evangelho de Deus. Este é um mandamento do Senhor. Do Senhor ressurreto! Ele é quem disse isso de um modo muito claro, não há dúvidas, não há interpretação! Ele foi quem disse, “Ide”!

Isso é tão glorioso! Todos nós provavelmente temos a experiência de ao falar do Senhor, de ver as pessoas se convertendo, e naquele momento Deus encher os nossos corações de uma alegria maravilhosa! Enquanto estamos evangelizando, falando do amor de Deus para as pessoas, vem a alegria do Senhor em nossos corações fortalecendo-nos, animando-nos, encorajando-nos! Que glória! Entretanto, muitas vezes, não colocamos essa ordenança do Senhor, o “Ide”, no nosso viver prático. Paulo deixou um ótimo exemplo para nós. Ele se esforçava em pregar o evangelho.

Este é o desejo de Deus. O Senhor nos tem chamado para sermos Seus cooperadores.

Que possamos, pela misericórdia do Senhor, nos esforçar e naquele dia no tribunal de Cristo ouvir do nosso Senhor: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.”


NAquele, em quem podemos nos esforçar,

BP

23/03/2008

O reino dos céus é tomado por esforço - Parte 2

“...o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele”. (Mateus 11:12)

Queridos amigos: vamos continuar com a reflexão que iniciamos na postagem anterior.

Estamos vivendo dias em que um outro evangelho tem sido pregado. Temos visto um evangelho tão diferente do evangelho do Senhor Jesus Cristo. Como foi que João Batista e o próprio Senhor Jesus começaram a pregar? “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3:2, 4:17)! Mas o evangelho que temos visto hoje, no meio da irmandade, é um evangelho muito diferente. Que o Senhor tenha misericórdia de nós! Um evangelho no qual o homem está no centro e que suas necessidades têm que ser satisfeitas. Esse não é o evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo! Um evangelho que simplesmente diz que você tem que ser próspero, que você tem que ser feliz. Eu não me lembro de nenhuma vez que o Senhor Jesus tenha dito algo semelhante. É claro que a Palavra do Senhor nos diz que o reino dos céus consiste sim na alegria do Espírito Santo, mas não nesta felicidade humana que tem sido pregada.

Às vezes, alegria no Espírito Santo pode ser aquela situação em que Paulo e Silas se encontraram. Eles estavam pregando o evangelho do Senhor, fazendo a vontade de Deus, e por causa disso foram açoitados e lançados no cárcere. Ali, feridos e com vergões, eles glorificavam o nome do Senhor. Eles se alegravam no Senhor. Essa não é a felicidade humana que tem sido pregada! Eles se alegravam no Senhor! Quanta diferença do comportamento dos nossos irmãos no passado do que agora temos visto. Quanta diferença do evangelho genuíno do Senhor Jesus Cristo, com o que temos ouvido no meio da irmandade em vários lugares.

Ouçamos a verdade do Senhor em sua Palavra, e não nos distraiamos com aquilo que não é o evangelho do Senhor! Deus tem nos chamado para um propósito eterno e maravilhoso. Deus nos tem chamado para participarmos com o Seu Filho de algo sublime, eterno. E juntamente com esse chamado, o Senhor nos tem dado também uma responsabilidade e nós precisamos ser cooperadores de Deus. Paulo disse que “...de Deus somos cooperadores” (I Cor 3:9). Muitas vezes achamos que porque cremos no Senhor e Ele nos deu tudo em Cristo, não resta mais nada a ser feito. Mas isso não é verdade! O Senhor ainda tem uma obra para conosco.

Está absolutamente certo que, com respeito à nossa justificação, tudo está concluído. Nada mais resta a ser feito. Mas nos tornarmos semelhantes ao Senhor Jesus é algo que ainda não está concluído. Cremos e temos absoluta certeza que Deus formará a imagem do Seu Filho em nós. E Ele nos chama hoje para participarmos desse trabalho, cooperando com Ele. Mesmo sendo obra do Espírito de Deus, entretanto, podemos cooperar com essa obra de Deus em nós.

No caso específico que estamos tratando, quando o Senhor diz que “o reino dos céus é tomado por esforço (ou violência) e aqueles que se esforçam (que são violentos) se apoderam dele”, o que isso quer nos dizer? Certamente não é para sermos violentos uns com os outros, nem é para contendermos uns com os outros! Na verdade precisamos ser violentos sim, mas conosco mesmos!

O que é mais violento do que a morte do Senhor Jesus na cruz? O que é mais violento do que isto? E o que foi que o Senhor Jesus disse para fazermos? O que alguém que quer seguir ao Senhor deverá fazer? Deve negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz. Isto é, fazer violência a si mesmo. É realmente ir contra a nossa própria constituição, na realidade uma constituição caída. Deus está operando isso em nós. O reino dos céus deve ser tomado por esse esforço, por essa violência conosco mesmos. Se ainda não acordamos para isso, saiba que Deus quer operar isso agora, a partir desse momento, em nossas vidas.

O quanto Deus produzirá em nós enquanto estivermos nesta terra, dependerá da nossa participação, dependerá daquilo que estamos dispostos a cooperar com Ele neste trabalho. Há um aspecto da nossa salvação que deve ser desenvolvido agora, até que o Senhor venha.

Quando olhamos para a “tão grande salvação” (Heb 2:3) que recebemos, podemos visualizar três aspectos ou tempos dessa salvação.

O primeiro aspecto está no passado. Fala-nos daquele aspecto da salvação que já recebemos, quando o nosso espírito foi regenerado por Deus, quando recebemos um novo espírito. Isso é passado e já está plenamente concluído e nunca mudará. Nós recebemos a vida eterna. Estávamos mortos em nossos delitos e pecados, mas Ele nos deu vida. Bendito seja o Senhor por isso! Ele nos deu vida, estando nós mortos em nossos delitos e pecados. O Senhor nos deu o Seu Espírito, e veio habitar no nosso espírito. Isso foi um fato consumado, eterno, aconteceu no passado. Isso nos tornou eternamente filhos de Deus!

Mas a Palavra de Deus nos fala de outro aspecto, no presente: “...desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fil 2:12). Quando? Agora, é no presente! “Obtendo o fim da vossa fé” – e qual é o fim da vossa fé? – “a salvação da vossa alma” (1 Pe 1:9).

Quando cremos no Senhor recebemos um novo espírito, mas o que dizer da nossa alma, que é a sede das emoções, mente e vontade? Em muitas ocasiões temos vontades que não condizem com a vontade de Deus. Às vezes os nossos sentimentos não condizem com o sentimento de Deus. Os nossos pensamentos não são os pensamentos dEle como diz a Palavra. O nosso caminho não é o caminho dEle. Porque caímos, somos pecadores. Embora salvos pela graça de Deus, a nossa alma ainda precisa ser salva como nos diz Pedro no versículo citado anteriormente. Precisamos da operação do Espírito Santo através da cruz do Senhor, cortando aquilo que não é de Deus, transformando o nosso caráter no caráter do Filho de Deus. Precisamos permitir que o Espírito Santo aplique a cruz a cada uma das áreas da nossa alma.

É nisso que precisamos fazer violência; nós não podemos concordar conosco mesmos, com aquilo que não está bem, com aquilo que não é conforme a imagem do Filho de Deus. Precisamos negar a nós mesmos e ir diante de Deus e lutar com o Senhor, no sentido de que o Senhor venha operar em nós aquilo que lhe é agradável. E certamente o Senhor vai nos dar muitas oportunidades de negarmos a nós mesmos para que o Espírito Santo opere em nossas vidas. A Sua Palavra que é espada de dois gumes, que divide a alma do espírito estará cortando aquilo que não convém.

Através dos nossos relacionamentos com os irmãos em Cristo e mesmo com os não cristãos Deus vai permitir, por Seu Espírito, muitas oportunidades de fazermos violência a nós mesmos, de nos esforçarmos e nos apoderarmos da realidade do reino de Deus. “Obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma”, isto é no presente e precisamos focar a nossa atenção para este tempo presente, da nossa responsabilidade de cooperar com Deus.

E há um aspecto futuro da nossa salvação que fala da redenção do nosso corpo, quando teremos um corpo glorificado como o corpo do Senhor. Isso ainda é futuro. Acontecerá na ressurreição ou no arrebatamento. E como Paulo nos diz, que possamos “...aspirar por sermos revestidos da nossa habitação celestial” (1 Cor 5:2). Revestidos do incorruptível! Essa é a salvação do nosso corpo. A salvação do nosso espírito já aconteceu. A vida de Deus veio para nós, está em nós, mas a vida de Deus tem que fluir; talvez tenhamos que “cavar muitos poços”, desentulhar muitas coisas para a Vida de Deus chegar até a nossa vontade, à nossa mente, às nossas emoções e assim podermos trabalhar juntos com Deus, sermos usados pelo Senhor, sermos transformados de glória em glória cooperando com Ele no Seu reino.

Cooperar com o Senhor Apressando a Sua Vinda

Muitos de nós, povo de Deus, têm um conceito inadequado da volta do Senhor. Pensamos que o Senhor Jesus marcou um dia fixo para a Sua volta e que, aconteça o que acontecer, Ele virá nesse dia específico. Mas não é assim que a Palavra de Deus nos ensina. Precisamos cooperar para que o desejo do Senhor Jesus se realize.

Pedro nos diz que devemos “...ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus...” (2 Pe 3:11-12). Quando é que o Senhor vai voltar? Quando a Sua noiva estiver pronta. Ele não virá antes! É necessário que a Sua noiva se apronte, que esteja preparada. É necessário que algumas coisas aconteçam primeiro. Devemos ter isto muito claro em nossa mente e coração!

O que nos é dito em Apocalipse?

“Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”. (Ap 19:6-8)

Este evento nos mostra que o Senhor está reinando (v.6), e que as bodas do cordeiro chegaram e Sua noiva a si mesma se ataviou! Ou seja, Ela cooperou com o noivo. A noiva a si mesma se preparou. E o seu vestido são os atos de justiça dos santos!

Podemos indagar: não é o Espírito Santo que faz a obra em nós? Como é que está dizendo que a noiva a si mesma se ataviou, que o seu vestido são os atos de justiça dos santos? Na realidade, tudo é obra do Espírito Santo, e sem o Espírito de Deus nada pode ser feito que agrade a Deus. À parte do Espírito Santo não há nada, é tudo em vão, é tudo do homem, da carne, será queimado, não prevalecerá no tribunal de Cristo. É palha, feno e madeira.

E até mesmo aquelas obras que o Senhor Jesus realizou, foi no poder do Espírito Santo. Tudo que Ele fez foi pelo poder do Espírito Santo. Até mesmo quando Ele ofereceu a si mesmo na cruz foi pelo Espírito Eterno (Heb 9:14). E quando o Senhor foi glorificado, Ele cumpriu o que havia prometido, enviando o Espírito Santo, que agora habita em nós e está trabalhando em nossas vidas para que o propósito de Deus seja realizado.

Em Apocalipse 19:8, diz que foi dado à noiva vestir-se de linho finíssimo, e que o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. São os atos de justiça que os santos praticaram pelo poder do Espírito Santo; não foi por eles mesmos. É obra dEle nos santos e através dos santos. Que possamos cooperar com Ele!

Ele escolheu fazer assim e por isso temos uma responsabilidade. Que Deus nos ajude! Nos ajude a permitir que a graça encha os nossos corações para entendermos isto e estarmos atentos: “O reino dos céus é tomado por esforço”!

Deus nos tem chamado para fazer algo

Há algo para fazermos. Não raro ouvimos algumas pregações que nos constrangem por um medo, impondo um legalismo tão grande, e ficamos com uma mente de que temos de fazer e cumprir muitas ordenanças e tradições dos homens. Há muita muita ênfase no que você tem que “fazer”. E muitas vezes queremos agradar a Deus tentando cumprir a lei de Deus. Mas como Paulo, descobro que: “não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7:19).


Entretanto, por outro lado, podemos achar que não devemos fazer nada permanecendo na passividade. Lemos por exemplo, em Efésios 1:11, que Deus “...faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”. E aí caímos num outro extremo. Pensamos assim: “Nós cremos no Senhor e Ele nos deu a vida eterna. Agora é só assentarmos numa poltrona confortável, e ficar ali esperando no Senhor, pois Deus fará tudo”. Essa é uma idéia muito errada! E às vezes temos até um linguajar muito bonito e parece muito espiritual. Dizemos: “Irmão isso é da carne”; “você não deve fazer nada”; “descansa só no Senhor”; “descansa”. Sim, devemos descansar. Mas pode ser que o nosso entendimento de descansar esteja equivocado, porque Deus tem nos chamado para fazer alguma coisa.

Faça um teste: comece a ler o Novo Testamento e tome algumas anotações. Faça duas colunas em uma folha de papel. Anote de um lado todas as vezes que vem dizendo que Deus vai operar, que Deus é quem faz. Do outro lado anote o que você precisa fazer, o que Deus manda você fazer. Ao final da leitura, como é que estarão as duas colunas? Você verá muitas coisas na primeira coluna, mas haverá também muitas coisas na segunda coluna. Ou seja, Deus nos manda fazer muitas coisas. E claro, todas elas devem ser feitas não no braço da carne, mas na força do Espírito Santo que em nós habita.

Por exemplo, em 2 Timóteo 2:5 está dito que é o Senhor que nos concede o arrependimento. Entretanto, a Palavra do Senhor nos diz para nos arrependermos. Ou seja, Deus é quem da o arrependimento, mas precisamos ter a disposição para isto. Devemos cooperar com o Espírito de Deus nessa questão.

Cooperando com a força do Senhor que opera em nós

“Para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim”. (Col 1:29)

Nesta questão de nos esforçar, de fazer algo, de cooperar com Deus, não é segundo o braço da nossa carne, mas é segundo o poder de Deus em nós. Paulo está falando que ele também se afadigava, ele se esforçava. E como ele fazia isso? Com o braço da sua carne? Não! “Segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim”. Paulo não está nos falando de esforçarmos na carne, mas nos esforçarmos no Senhor, de fazermos aquilo que o Senhor mandou que fizéssemos; crendo que o Espírito de Deus pode nos fortalecer.

Em Efésios, Paulo escreveu dizendo que orava em favor dos irmãos “para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior” (vs 3:14, 16). Podemos fazer algo que seja da vontade de Deus e que permanece, se fizermos de acordo com a força do Senhor que opera em nós. Paulo diz aqui que o nosso homem interior deve ser fortalecido pelo poder do Espírito Santo. Só assim conseguimos fazer algo que vai agradar ao Senhor e que vai permanecer no tribunal de Cristo. Que o Senhor nos dê da Sua graça e que pelo poder do Espírito Santo fortaleça o nosso homem interior para fazermos aquilo que Ele quer que façamos.

Pedro nos diz que “nos têm sido doadas todas as coisas que nos conduzem à vida e à piedade” (2 Pe 1:3). Todas as coisas! Nós não temos desculpas. O Senhor se comprometeu conosco e Ele espera a nossa cooperação.

Queridos, nos é oferecido um reino. Todos temos no tempo presente a oportunidade em primeiro lugar de fazer com que esse reino venha de imediato no nosso viver. Todas as vezes que a autoridade do Senhor é manifestada, todas as vezes que Satanás e suas obras são subjugados é chegado o reino de Deus. E também, para o futuro, devemos nos preparar para aquele reino que virá sobre a terra. Somos cooperadores de Deus para trazer o seu reino. Temos este privilégio de sermos aqueles que apressam a vinda deste reino.

Pense um por um momento em João Batista. O que ele veio fazer? Veio preparar o caminho do Senhor! O Senhor nos chama para estarmos naquele mesmo espírito de João Batista a fim de introduzirmos o rei, o Senhor Jesus, no Seu reino!

O Senhor virá somente quando a noiva estiver ataviada, pronta para o Seu noivo. Devemos ter isso bem claro em nossa mente, pois frequentemente nos esquecemos desta realidade. Preferimos uma vida confortável conosco mesmos e começamos a buscar os nossos próprios deleites dando vazão à carne e às muitas paixões que fazem guerra contra a nossa alma.

Possa o Senhor falar conosco, exortando-nos e lembrando-nos da nossa condição de filhos de Deus e que Ele tem um propósito eterno para conosco e que nos chama a cooperar com Ele. Talvez hoje seja um tempo de oportunidades para alguns de nós. Oportunidade para nos voltarmos plenamente para o Senhor. Alguns de nós pode estar esquecendo desta realidade.

Em todo o nosso serviço, em toda a nossa vida, o Senhor nos chama a cooperar com Ele.

Na próxima postagem gostaria de considerar alguns exemplos da Palavra de Deus que nos mostram alguns coisas em que podemos nos esforçar.

Em Cristo,

BP

10/03/2008

O reino dos céus é tomado por esforço - Parte 1

“...o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele”. (Mateus 11:12)

Queridos amigos:

Alegramo-nos sobremaneira pela vida do Senhor Jesus que está em nós. Vida que recebemos como uma dádiva maravilhosa do Pai. Não fizemos absolutamente nada para recebê-la. O Pai nos amou com amor eterno, e deu o Seu Filho a nós, e assim recebemos a vida do seu Filho que hoje está em nós, como dizem as Escrituras, “Cristo em vós, a esperança da glória” (Col 1:27).

Muito embora recebendo tamanha benção e privilégio, recebemos também associada a este benefício uma responsabilidade. O nosso Senhor Jesus foi assunto aos céus e recebeu um nome que está acima de todo o nome, se assentou a destra do Pai e voltará. E até a Sua volta, Ele nos deixou algumas incumbências, algumas coisas para fazer, responsabilidades sobre cada um de nós que pertencemos a Ele.

A esse respeito, a partir da afirmação do Senhor Jesus em Mateus 11:12, gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões. Elas são a transcrição e edição da
mensagem que preguei na Conferência em Contagem - MG em Fevereiro/2007.



“Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele”. (Mt 11:12 – Almeida, revista e atualizada)

Em algumas traduções nós vamos encontrar que “o reino dos céus tem sofrido violência, e que os homens violentos se apoderam dele”, que os homens violentos tomam posse dele. O reino dos céus tem sido tomado por esforço, por violência, e aqueles que são violentos ou nessa tradução que estou usando, aqueles que se esforçam se apoderam dele. Gostaria de enfatizar essa expressão: “aqueles que se esforçam”.

Antes de focar aquilo que está no meu coração com respeito a esta expressão, eu gostaria de estabelecer alguns fundamentos, algumas bases para um melhor entendimento do assunto que queremos tratar.

Os aspectos do Reino de Deus

Quando falamos em reino de Deus, a Palavra do Senhor dá uma abrangência muito maior do que normalmente os cristãos consideram. Muita confusão e muitas disputas têm acontecido em torno desta realidade e de seu entendimento dela entre os cristãos. A minha compreensão é que muitas destas disputas cessariam se os cristãos vissem com mais clareza e simplicidade os aspectos do reino de Deus.

Se você verificar, por exemplo, numa concordância bíblica todas as ocorrências dos versículos que falam a respeito dessa expressão, “reino de Deus” e “reino dos céus”, você descobrirá pelo menos três aspectos do reino de Deus.

O primeiro deles é o aspecto passado: O reino de Deus está em nós.

O Senhor Jesus ao ser “Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:20). Neste caso o reino de Deus já veio, é algo que aconteceu no passado, quando cremos no Senhor Jesus, quando nascemos de novo. A expressão que podemos usar neste caso é: o reino de Deus "já veio".

Mas há também um aspecto presente do reino de Deus. Percebemos isso com muita clareza naquele evento registrado em Mateus 12. O Senhor estava sendo acusado pelos fariseus que diziam: “Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios” (Mt 12:24). Entre algumas coisas que o Senhor falou em resposta a esta acusação há uma afirmação muito interessante com relação ao reino de Deus: “Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mt 12:28).

O que podemos depreender desse evento e dessa afirmação é que sempre que a autoridade do Senhor é manifestada na terra, quando Satanás e suas obras são subjugados, o Senhor tem feito chegar o Seu reino entre nós. E esta é uma responsabilidade nossa, da igreja, em fazer chegar o reino de Deus onde estivermos. Então nesse aspecto o reino dos céus está chegando. É um aspecto presente do reino de Deus. A expressão que podemos usar neste caso é: o reino de Deus "está vindo".

Mas há um aspecto futuro, que ocorrerá quando o Senhor Jesus literalmente voltar. Na Sua volta teremos a presença real do Senhor; Ele virá em glória, como leão da tribo de Judá e reinará sobre esta terra. Ele se assentará no trono de Davi e reinará nesta terra por mil anos. Esse aspecto fala-nos do reino milenar (Ap 20:6). A igreja do Senhor, ou mais especificamente, aqueles que vencerem no tempo presente, estarão com o Senhor neste reino milenar. Este é um aspecto futuro do reino de Deus. A expressão que podemos usar neste caso é: o reino de Deus "virá".

Deveríamos ver um aspecto talvez mais longínquo, um futuro mais distante, quando o Senhor Jesus entregará a chave do reino ao Pai. “E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder” (1 Cor 15:24). E aí inaugurará um reino eterno. Onde nos é dito que aqueles que são do Senhor reinarão pelos séculos dos séculos (Ap 22:5).

Resumindo, temos então: um aspecto passado – o reino de Deus está em nós; o aspecto presente do reino – todas as vezes que a autoridade do Senhor Jesus é manifestada, o senhorio do Senhor é manifestado, quando o inimigo e suas obras são subjugados, o reino tem chegado até nós. E finalmente há aquele aspecto futuro, aquele reino milenar que o Senhor prometeu, que será um prêmio para muitos do Seu povo.

Eu creio que é a respeito deste reino futuro que o Senhor Jesus está falando em Mateus 11. “Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (v.12). O reino será um prêmio para aqueles que se esforçam, será uma recompensa que eles receberão. Precisamos então entender o que significa esse esforço ou essa violência que o Senhor menciona, uma vez que esta é a condição que o Senhor colocou para alguém possuir este reino.




Para facilitar o entendimento, abaixo segue uma tabela resumindo o que temos escrito até agora sobre os aspectos do reino.




Dádiva x Recompensa

Há um outro ponto muito importante que precisamos mencionar. É a diferença existente nas Escrituras entre dádiva e recompensa. Se não fizermos a distinção entre essas duas verdades certamente faremos muita confusão.

A dádiva está relacionada com a graça de Deus sobre as nossas vidas, o dom gratuito de Deus, aquilo que Ele nos deu em Cristo. Não fizemos absolutamente nada para receber. Ele nos deu a vida eterna, Ele nos deu o Seu Filho, Ele nos deu todas as coisas em Cristo Jesus. Fomos eleitos em Cristo Jesus. Fomos escolhidos em Cristo Jesus. Temos a vida eterna por causa da obra do Filho de Deus. Isso jamais vai nos ser tirado. É uma dádiva de Deus. O que vai nos separar do amor de Cristo? Absolutamente nada! Nós nos alegramos com isto, é algo eterno, é uma aliança incondicional de Deus para conosco. E como diz a Palavra de Deus: “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rom 11:29), são sem arrependimento. O Senhor nos deu a Sua vida, é uma dádiva de Deus, é um dom de Deus. É irrevogável, sem arrependimento.

Entretanto, há um aspecto relacionado não à dádiva, mas àquilo que nós recebemos como uma recompensa, como um prêmio por aquilo que fizemos em resposta ao que a graça de Deus operou em nós, por aquilo que nós permitimos o Espírito Santo fazer em nossas vidas.

Quando o Senhor disse à igreja em Esmirna: “Sê fiel até a morte”, o que vai acontecer? Ele completa: “e dar-te-ei a coroa da vida”. (Ap 2:10). Assim há uma condição para receber a coroa da vida: ser fiel. E aqueles que crêem que perdem a salvação dizem: “Está vendo, vai perder”. Mas prestem atenção, é muito simples esta leitura: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei" (não a vida), mas a coroa da vida”. Com relação à vida, a Palavra do Senhor nos diz através do apóstolo João que “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1 Jo 5:12). João diz isso de uma maneira muito direta, muito simples, sem qualquer complicação. Não há o que interpretar aqui.

Mas a questão de recebermos o galardão, de recebermos as recompensas, está ligada à nossa responsabilidade; está ligada àquilo que fizemos com a graça disponível que Deus nos deu. Está relacionada à nossa fidelidade como despenseiros de Deus. E como o apóstolo Paulo diz “o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1 Cor 4:2). E para aqueles que forem encontrados fiéis haverá uma recompensa.

O Senhor Jesus nos disse que, quando Ele vier, retribuirá a cada um de nós segundo as nossas obras, segundo aquilo que fizermos (Mt 16:17). Na sua volta o Senhor vai estabelecer o tribunal de Cristo. A Palavra do Senhor em 2 Coríntios 5:10 diz: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo”, - E para quê? - “para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. Todos nós cristãos, nascidos de novo, teremos que prestar contas da nossa mordomia.

Nunca é bastante enfatizarmos que a nossa salvação eterna depende apenas da graça de Deus. É dom de Deus! Uma dádiva celestial! Nunca poderia depender das nossas obras, da nossa justiça que, como nos asseveram as Escrituras, não passa de trapos da imundícia (Is 64:6). E, portanto, no tribunal de Cristo, longe de se ter um julgamento para decidir se vamos ou não receber a vida eterna, haverá o julgamento das nossas obras. Poderemos receber o bem ou mal que tivermos feito por meio do corpo (2 Cor 5:10). Haverá perda sim, mas não a perda da salvação, da vida eterna. Poderá ocorrer a perda do privilégio de receber os galardões, as recompensas por nossa fidelidade ao Senhor. Nesse tribunal será dado como prêmio o reinar com Cristo no Seu reino milenar que será estabelecido na terra na Sua volta. Como está escrito em 1 Coríntios 3:11-15:





"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo".



Preste atenção nos "SE" que Paulo usa. Há uma condição para receber o galardão, a recompensa. Mas ainda que alguém não receba nenhuma recompensa, esse mesmo será salvo!

O Senhor diz à igreja em Filadélfia: “Conserva o que tens”, para quê? “para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:11). Não é a vida, a vida ninguém pode nos tirar, é obra do Senhor Jesus, é o dom gratuito de Deus. Nada pode nos tirar esta vida, somos filhos de Deus pela obra do Senhor Jesus e nada, nem ninguém, vai nos tirar este dom, absolutamente nada. Mas a coroa pode nos ser tirada. “Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”. E coroa fala de reinar. E claro que, no caso dos cristãos, aponta para o reinar com Cristo no futuro.

De modo muito simplificado, apenas para elucidar um pouco mais a distinção que estamos fazendo aqui sobre dádiva e recompensa, segue abaixo o seguinte quadro:

Creio que com esse pano de fundo podemos voltar agora para Mateus 11:12.

O reino dos céus e tomado por esforço

O verso de Mateus 11:12 por muito tempo foi estranho para mim. O que o Senhor Jesus queria dizer com “os violentos se apoderam do reino”, ou que "o reino dos céus é tomado por esforço e os que se esforçam se apoderam dele”?

Se desejamos reinar com o Senhor precisamos buscar entender esta palavra. Devemos desejar reinar com o Senhor; e não só isto, mas desejar que o reino dEle venha. Foi assim que Ele nos ensinou a orar. Lembram da oração que ele ensinou aos seus discípulos? “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino” (Mt 6:9-10).

Queremos ver o reino de Deus manifestado em nossas vidas agora, mas também queremos vê-lo manifestado literalmente sobre a terra. A Palavra de Deus diz que “a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Habacuque 2:14). Que coisa gloriosa para nós cristãos! Podermos já agora, como diz o livro de Hebreus, desfrutar dos poderes do mundo (século) vindouro (Heb 6:5). Há grandes coisas que Deus tem preparado para o Seu povo! Há um reino inabalável (Heb 12:28) nos aguardando.

Continuaremos numa próxima postagem.

NAquele que virá e não tardará,

BP

29/02/2008

O que a igreja deve fazer na presente época?

Nestes dias tenho refletido sobre qual seria a direção de Deus nossa época para a Sua igreja. O que a igreja do Senhor deve ter como prioritário, ou melhor, o que a igreja deve fazer na presente época?

Normalmente temos a tendência em dar aquelas respostas muito gerais, como por exemplo, pregar o evangelho, acudir ao necessitado, buscar a santificação, ter uma vida de oração etc. Mas não me refiro àquilo que deveria ser a ação da igreja em todas as épocas. Refiro-me àquilo que é específico para a nossa época, para esta geração.

Antes de prosseguir, permita-me mencionar aqui que quando estou falando igreja não estou me referindo a nenhum grupo denominacional, seja católico ou protestante, ou mesmo a qualquer grupo independente. Mas me refiro ao corpo de Cristo que é formado por todos aqueles que, em todos os lugares, receberam a Cristo e foram lavados no Seu sangue e se tornaram filhos de Deus.


Quando olhamos a história da igreja, vemos que em épocas diferentes o Senhor conduziu o Seu povo de modo muito específico. Tomemos como exemplo a época da Reforma. Num período de tão grandes trevas espirituais, o Espírito Santo conduziu o Seu povo para a restauração da verdade da justificação pela fé, do sacerdócio universal de cada crente e da bíblia aberta ao povo. Esse foi o guiar específico do Espírito Santo para aquela época. E a partir daí, como sabemos, Deus restaurou tantas verdades que estavam “ocultas e perdidas” à vista do Seu povo.

Outro exemplo: No século XIX, vimos Deus conduzindo o Seu povo para um grande mover missionário e também restaurando a verdade da unidade da Sua igreja. Muitos dos filhos de Deus começaram a compreender o Seu coração com relação à igreja que é o Seu corpo.

O que vemos sempre na história da igreja, como também na história de Israel no Antigo Testamento, é que o Senhor levanta homens e mulheres que discernem a época em que vivem e conhecem a mente de Deus para saber o que o Seu povo deve fazer de modo muito específico.

A questão que gostaria de colocar é essa: e quanto a nós? Conhecemos a nossa época? E o que devemos fazer como igreja do Senhor?

Há uma expressão muito interessante a respeito dos filhos de Issacar, na época do rei Davi, que diz que eles eram “...conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer...” (1 Crônicas 12:32).

Como igreja do Senhor Jesus também precisamos de homens e mulheres que possam discernir a época em que vivemos e conhecer qual a direção do Senhor para o Seu povo. Como precisamos dos “filhos de Issacar” hoje!

Quando olhamos para o que tem caracterizado a nossa época, nos deparamos com o fato de que tudo aponta para a iminente volta do Senhor. Todos os sinais estão aí, visíveis para qualquer um, de que esta é a última hora. Estamos nos últimos dias de que nos falam as Escrituras, dias próximos à volta do Senhor! É como o Senhor diz:

“E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores”. (Mateus 24:6-8)

Temos assistido a isso constantemente, século após século, mas a cada novo período de um modo intensificado.

Entretanto gostaria de chamar a sua atenção para duas passagens das Escrituras falando sobre aqueles dias que antecedem a volta do Senhor:

“Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o SENHOR dos Exércitos”. (Ageu 2:6-7, versão Almeida, Revista e Corrigida)

“Aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam. Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.” (Hebreus 12:26-29)


Haverá um tremendo abalo em todas as coisas nos dias próximos à volta do Senhor. No profeta Ageu o Senhor diz que tudo será abalado: céus, terra, mar e todas as nações. E no livro de Hebreus o Senhor promete que abalará não só a terra, mas também o céu. E por quê? “Para que as coisas que não são abaladas permaneçam”!

Nesse período final que antecede a volta do Senhor, veremos o abalar de Deus de um modo intenso e em toda a terra. Todas as nações serão sacudidas para que aquilo que não é abalável permaneça e se manifeste.

“Bem”, alguns podem argumentar, “isso acontecerá com as nações, mas com a igreja nada deve acontecer”. Será? Creio que não. É também por causa da igreja que esse abalar de Deus começa a ser intensificado. Ou será que a igreja do Senhor, o povo do Senhor, não tem colocado no centro de suas vidas coisas que são abaláveis?

O Senhor usará todos esses abalos para despertar a sua igreja. Para que muitos dos Seus filhos possam ter como centro em suas vidas aquilo que é de Deus, do Seu Reino que é inabalável! Ou como nos diz em Hebreus, ”recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável”.

Certamente esses abalos de Deus podem trazer muitas aflições sobre o povo do Senhor, mas ainda assim é a manifestação do amor de Deus para com o Seu povo levando-o a desarraigar-se das coisas terrenas, passageiras, a fim de buscar as coisas do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.

Para ilustrar o que estou querendo dizer, cito apenas um exemplo. Pense por um momento no colapso da economia mundial. Veja o que tem acontecido exatamente nestes dias com a economia dos Estados Unidos da América. O dólar está perdendo o seu valor de maneira impressionante. O desemprego está crescendo assustadoramente na economia número um do mundo (tudo nos indica que em breve não será mais a número um). Nos meses recentes, milhares, senão milhões, de pessoas perderam as suas casas naquele país. E pergunto: será que há irmãos afetados por este abalo? Naturalmente que há! Certamente muitos estão vivendo em dificuldades com esta nova situação.

Há um aperto que atinge não só as pessoas não cristãs, mas também os crentes em Jesus. Lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus: “Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21)

E em várias situações, não só na questão econômica, temos visto um forte abalo. E exatamente nesta época presente do abalar de Deus, vemos de um modo geral a igreja do Senhor vivendo numa situação semelhante à de Laodicéia. Profeticamente Laodicéia é o último estágio da igreja antes da vinda do Senhor. Cremos que de um modo geral o que está descrito ali, é o que caracteriza o período atual da igreja.

Ela pensa a respeito de si mesma: “sou rica, abastada, de nada tenho necessidade”. Mas o Senhor a vê de modo muito diferente: “e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cega e nu”.

O evangelho que tem sido pregado não é o evangelho do Senhor Jesus, mas o “evangelho” da prosperidade. Um evangelho que conduz as pessoas a serem inimigas da cruz de Cristo e a buscarem os seus próprios interesses. Um evangelho onde o homem está no centro e não Cristo! Tudo gira em torno da felicidade e sucesso do homem e não da glória de Deus. Onde Deus é o servo e não o homem! Onde o homem na sua loucura e insensatez quer “determinar” o que o Soberano Senhor deve e não deve fazer. Oh, quanta tolice e quanto engano das trevas.

Quanta “auto-ajuda” tem chegado até à igreja tendo os púlpitos como porta de entrada. O que tem sido pregado incansavelmente tem sido aquilo que atrai as multidões, mas não a palavra da cruz que é loucura para os que se perdem, mas para nós o poder de Deus. Tem sido colocado no centro da igreja coisas totalmente abaláveis que não podem permanecer. E o Senhor está do lado de fora, batendo à porta! Louvado seja o Senhor porque mesmo nesta situação, o seu desejo de estar com a igreja permanece. Ele está desejoso de entrar e cear, de ter comunhão. Bendito seja o Senhor pela sua misericórdia e seu amor incondicionais por cada um de nós Seus filhos.

Diante desta situação, da época em que vivemos, o que devemos fazer como igreja do Senhor? O que Deus deseja para o Seu povo em nossa geração? O que devemos priorizar?

Gostaria de deixar em aberto essas perguntas, e convidá-lo (a) a permanecer um tempinho aqui nessa “Esquina de Comunhão” e compartilhar com todos nós o que você crê ser a(s) resposta(s). A palavra está com você, é só entrar nos comentários e nos dizer.

Nele, que nos enviou o Espírito Santo para nos guiar a toda a verdade,

BP