25/12/2007

Batalha Espiritual - E não foram à guerra...

Buscaram os seus próprios interesses e não foram à guerra...

Quando toda guerra acabar a pergunta será: como nos comportamos nesse tempo de batalha?

Vimos na postagem anterior que Débora e Baraque olham para trás e num cântico profético lembram de como cada um se comportou no tempo da batalha. Consideramos até aqui aqueles que participaram da guerra do Senhor. Esses foram lembrados com louvor. Entretanto, outros foram lembrados com tristeza e reprimenda. Queremos considerar a situação destes últimos agora.

Como já mencionamos anteriormente, temos nesse cântico de Débora uma figura daquilo que ocorrerá um dia, quando todos nós nos apresentarmos diante do tribunal de Cristo. Ali receberemos o louvor ou a reprimenda por aquilo que fizermos durante esse tempo presente (2 Coríntios 5:10, Mateus 25:14-30).

Não nos alegra descrever essa parte do cântico de Débora. Mas como ela é necessária! A Palavra do Senhor sempre nos exorta: encorajando-nos e advertindo-nos. Podemos dizer que até aqui, tivemos uma palavra de encorajamento, mas a nossa reflexão agora, seguindo o que está registrado no cântico de Débora, leva-nos a uma palavra de advertência. Que o Senhor possa, pelo Seu Espírito, acordar-nos para o momento presente em que vivemos e que possamos assumir a nossa responsabilidade nessa questão da batalha espiritual, principalmente no aspecto corporativo.

Por que alguns não foram à peleja junto aos demais dos filhos de Israel?

O primeiro que é mencionado é Rúben. Não foi à guerra porque ficou cuidando dos seus próprios interesses!

"Nas correntes de Rúben foram grandes as resoluções de coração. Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração”. (v. 5:15b-16 – Versão Revista e Corrigida)

Houve grande esquadrinhamento de coração entre os Rubenitas. Eles estavam lá pensando, refletindo sobre a batalha e houve grandes decisões em seus corações. Há algumas traduções que dizem que eles fizeram grandes projetos. Eles ficaram sabendo que seus irmãos estavam na peleja contra um grande opressor dos filhos de Israel, e então se planejaram em como poderiam ir à peleja. Fizeram grandes projetos de como iriam e ajudariam seus irmãos. Mas não foram! Permaneceram cuidando dos seus interesses.

Muitos de nós ainda estamos como os Rubenitas. Nesse tempo de guerra, ficamos apenas nas decisões, nos projetos, no esquadrinhamento de coração, mas nunca colocamos em obra aquilo que decidimos. Eles resolvem em seus corações, mas não tomam nenhuma atitude. São aqueles que gostam de estudar tudo sobre batalha espiritual, mas nunca entram na batalha por si mesmos ou em favor dos demais do povo de Deus! Gostam de coisas do tipo, “10 passos para alcançar a vitória”, ou “10 passos para vencer o pecado”. Sabem muitas coisas a respeito da batalha espiritual, mas apenas de ouvir falar. Falam e exortam uns aos outros de que é necessário batalhar em oração por tais e tais assuntos, mas nunca colocam em prática aquilo que proclamam. Estão muito bem informados da realidade espiritual, mas apenas no campo teórico. Ainda não conheceram o que é estar no campo da batalha.

Os Rubenitas de hoje, são como muitos de nós que fazem grandes resoluções de fim de ano. Conhecemos as nossas próprias necessidades espirituais, e por isso decidimos que no ano que se inicia faremos muitas coisas. Fazemos muitos planos: “vou dedicar-me à vida de oração nesse ano”, “esse ano não vou mais praticar aquele pecado”, “vou me esforçar na pregação do evangelho, quero ganhar pessoas para o Senhor nesse ano...” a lista é grande. Muitas e boas decisões! Mas todas ao final, ficam no vazio! Nada é realizado em favor do Senhor e do Seu povo.

Oh amados, grandes resoluções ou grandes decisões não bastam! Não é suficiente apenas “esquadrinhamentos de coração”. Não podemos ter apenas os grandes conceitos ou princípios espirituais na nossa mente, ou ainda um grande vocabulário espiritual. Não! É necessário, pela ajuda do Espírito do Senhor, colocarmos por obra aquilo que sabemos ser a vontade de Deus. A guerra está acontecendo e sabemos que o Senhor nos chama para sermos participantes dela. Muitas vezes decidimos ir, mas acabamos ficando. Por que? Nos é dito de Rúben que ele não foi à guerra porque “ficou entre os currais para ouvir os balidos dos rebanhos”.

“Oh, que coisa louvável”, poderíamos, justificar. Parece-nos que os Rubenitas estavam se mostrando responsáveis com suas casas, suas famílias. Eles ficaram cuidando das ovelhas, buscando o seu sustento. Mas, meus queridos, em tempo de batalha ficar escutando o balido das ovelhas é preocupar-se com nossos próprios interesses. Muitas coisas estavam acontecendo; o inimigo de Deus estava oprimindo duramente, mas os Rubenitas estavam cuidando das suas coisas. Os “Rubenitas atuais” são assim: tomam a decisão, mas tem em seguida uma desculpa para não irem. Uma desculpa para “apaziguar” suas consciências. Percebem as lutas que os filhos de Deus estão travando, mas encontram uma desculpa para não participarem da batalha e justificam a si mesmos.

A pergunta feita a Rúben foi: “Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos”? E porque foi feita essa pergunta a ele? Por que Rúben não devia ter ficado escutando o balido das ovelhas, mas ele devia estar lá no monte escutando o toque da trombeta. Quanta diferença! Muitos de nós temos às vezes grandes decisões, mas nunca as colocamos por prática. Às vezes nós estamos tão preocupados com nossos próprios interesses que esses nos impedem de participarmos da batalha do Senhor. Paulo, escrevendo aos Filipenses, diz que muitos buscavam os seus próprios interesses, e não aquilo que era de Cristo Jesus, mas que Timóteo, sinceramente, buscava os interesses dos irmãos! (Filipenses 2:20-21)

Quantas vezes podemos estar ouvindo o balido das “nossas ovelhas”, enquanto a trombeta de Deus tem soado chamando os seus filhos para a batalha. A batalha a favor dos nossos filhos tem sido travada, o inimigo tem buscado tirá-los da vida com Deus, mas nós nos entregamos aos nossos interesses e nem mesmo no nosso secreto batalhamos em oração em favor deles. A igreja do Senhor tem estado em grande apostasia, em grande mistura daquilo que é verdadeiro com a mentira, mas nos silenciamos, até pensamos em ter uma vida de oração em favor do povo de Deus, mas finalmente ficamos envolvidos nos nossos interesses e não temos tempo para participarmos nessa batalha.

A trombeta está soando! Que o Espírito do Senhor nos desperte para irmos à batalha e deixamos as “nossas ovelhas” nas mãos daquele que pode guardá-las para cada um de nós.

Que o Espírito do Senhor nos ajude, e que naquele dia no tribunal de Cristo, o Senhor não nos chame a atenção: "você teve grandes decisões, grandes projetos, mas por que não foi à batalha? Por que escolheu ficar ouvindo a voz dos seus próprios interesses?”

O segundo a ser citado é Gileade. Não foi à guerra por causa dos obstáculos naturais!

“Gileade ficou dalém do Jordão...” (Juízes 5:17)

Para que os Gileaditas fossem ao monte Tabor, de onde os filhos de Israel saíram para a guerra, eles deveriam atravessar o Jordão.

Creio que o registro do Rio Jordão aqui é para nos lembrar que muitas vezes podemos deixar de ir ao campo de batalha junto com os nossos irmãos porque nos justificamos em decorrência de obstáculos naturais. “Atravessar o Jordão” para muitos de nós pode ser trabalhoso e se ele estiver na cheia pode até mesmo ser perigoso. E por isso então, da mesma forma que os Rubenitas, os Gileaditas encontram algo para apaziguarem suas consciências se desculpando por terem à sua frente algum obstáculo natural. Mas o verdadeiro motivo é que nos seus corações de fato não desejavam ir a guerra. Quanta diferença entre eles e Zebulom e Naftali. Esses últimos expuseram as suas vidas correndo grandes riscos, mas foram à batalha e venceram! Entretanto, os Gileaditas são lembrados aqui de modo negativo.

É muito comum, mesmo nas questões pequenas do nosso dia-a-dia, colocarmos muitos obstáculos naturais para não estarmos identificados com o propósito do Senhor. Tome como exemplo as vezes que temos diante de nós as reuniões do povo de Deus, seja para lembrar do Senhor no partir do pão, ou de oração ou mesmo para estudo da Palavra. Às vezes colocamos os obstáculos naturais como desculpa para não participarmos dessas reuniões. Se começa a chover, ou se o frio aumenta, é suficiente para deixarmos de participar e ficamos no conforto das nossas casas. Outras vezes estamos trabalhando muito e o nosso dia é tão atarefado que nos sentimos cansados fisicamente e por isso decidimos ficar em nossas casas, e perdemos a oportunidade de sermos abençoados e fortalecidos.

Deixamos de batalhar as batalhas do Senhor por causa de obstáculos naturais. Temos conhecido muitos dos filhos de Deus que ao contrário dessa situação, mesmo em momentos de debilidade física, e a despeito de todo e qualquer obstáculo natural, ainda assim são verdadeiros soldados do Senhor Jesus. São incansáveis na pregação do evangelho, nas vigílias, nos jejuns, nas orações, “combatendo o bom combate”. Para esses vale a palavra do Senhor: “aos que me honram, honrarei”, mas para aqueles que ficam aquém do “Jordão”, a palavra do Senhor é “porém os que me desprezam serão desmerecidos”. (1 Samuel 2:30)

Que o Senhor nos dê um coração disposto a atravessar o “nosso Jordão” e nos identificarmos com o Seu propósito e estarmos juntos no campo de batalha com aqueles que ouviram o toque da trombeta!

"Dã, por que se deteve junto a seus navios?" (v. 5:17)

Navio nos lembra de comércio. Trazer mercadoria, levar mercadoria, transações comerciais. E essa foi a razão que impediu Dã.

Dã nos lembra aqueles que não vão ao campo de batalha por causa do dinheiro.

Este é um motivo que tem levado muitos do povo de Deus a não participarem do propósito do Senhor, e não irem ao campo de batalha. Mamom tem roubado o coração de muitos dos filhos de Deus.

Amados, essa situação terrena de busca de riqueza, busca de uma vida confortável, tem oprimido o povo de Deus impedindo-o a combater o bom combate. E quantos têm naufragado na fé! Paulo adverte a Timóteo quanto a esse risco: “Tendo sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. (2 Timóteo 6:8-10)

Há muitos santos de Deus que estão bem na carreira cristã, mas de repente não vigiam, e eis que surge esse tirano: desejo das riquezas! Desejam ter uma casa melhor, um carro do último modelo... Não há nada injusto nisso em si mesmo. Mas isso se torna um tirano em seus corações. Os seus corações ficam sobrecarregados com os cuidados dessa vida (Lucas 21:36). Por isso, eles têm que trabalhar mais. Ao invés de estar com a família, ao invés de estar lendo a Palavra, buscando ao Senhor, eles estão lá, trabalhando muito, pois querem ganhar um pouco mais de dinheiro. Alguns já têm um emprego, mas eles também precisam do segundo, e do terceiro. Essa é a situação: “Por que se deteve junto aos seus navios”?

Como essa palavra é tão atual para nós! Por que se deteve? Na verdade é justo e correto ter os nossos navios, eles são o suprimento de Deus para nós. É o nosso trabalho, os nossos negócios, mas a palavra de advertência é porque nos detemos neles. Porque o nosso coração está preso neles? Porque eles se tornam um impedimento para que participemos no campo de batalha e assim experimentemos a vitória que o Senhor quer nos dar? Quão perigoso é esse deter nos nossos navios. Alguns participavam das reuniões da igreja, evangelizavam, visitavam os enfermos, tinham uma vida de oração, mas agora eles não têm tempo para nada além dos seus negócios. Estão muito preocupados com as suas riquezas, os seus bens, a sua vida confortável, com aquilo que o seus ganhos podem gerar.

Que tragédia tem sido isso no meio do povo de Deus. Quantos irmãos sinceros têm se deixado seduzir pelos seus navios. Quanto prejuízo espiritual tem acontecido por causa disso.

Ouçamos a palavra do Senhor Jesus: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6:33)

"Aser se assentou nas costas do mar, e repousou nas suas baías”.(v. 5:17)

Os Aseritas não foram à guerra por estarem preocupados com o seu próprio conforto!

Repousaram nas suas baías”. Esta atitude dos Aseritas representa aqueles que, mesmo no tempo de guerra, estão preocupados com o seu próprio conforto.

Quão diferente era a atitude do nosso Senhor! Quão incansável era ele. E ele mesmo nos deu o Seu testemunho de que o “Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20). O Filho do Homem somente pode descansar depois de completada a sua carreira. Depois do brado da cruz – “está consumado!” – é que ele pode descansar. Durante toda a sua vida não buscou seu próprio conforto, mas pelo contrário, “andou por toda a parte fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo” (Atos 10:38). A sua compaixão o movia em favor das multidões e junto com os seus discípulos “eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham” (Marcos 6:31).

Paulo também, no mesmo espírito do Senhor Jesus, desenvolveu a sua carreira. O testemunho dele foi de que ele como ministro de Cristo, passou por tantas coisas, como perigos de morte, acoites, trabalhos e fadigas, vigílias, fome, sede, jejuns, frio, nudez... (veja 2 Coríntios 11:23-33). Passou por tantas coisas por amor ao Senhor e ao Evangelho! Nunca foi atrás do seu próprio conforto! Nunca “assentou-se nas costas do mar, e repousou nas suas baías”! Mas ao contrário, escutou o toque da trombeta e como soldado de Jesus Cristo combateu o bom combate!

Queridos irmãos, certamente gostamos do nosso conforto. É justo. Mas esse nosso conforto não pode nos impedir de nos identificarmos com o propósito do Senhor e avançarmos naquilo que é a Sua vontade para as nossas vidas e para o Seu povo.

Quem sabe não é o momento de fazermos a “indagação de uma boa consciência para com Deus” (1 Pedro 3:21). Será que a busca do nosso próprio conforto tem sido a motivação para não participarmos da batalha do Senhor?

O Senhor através do profeta Amós advertiu o povo nesse sentido: “Ai dos que andam a vontade em Sião...que dormis em camas de marfim, e vos espreguiçais sobre o vosso leito, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro; que cantais à toa ao som da lira e inventais, como Davi, instrumentos músicos para vós mesmos; que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo, mas não vos afligis com a ruína de José” (Amós 6:1, 4-6).

Rúben, Gileade, Dã e Aser, foram lembrados nesse cântico de Débora por que não foram à batalha pois estavam muito preocupados consigo mesmos. Que o Senhor nos ajude e nos livre de cairmos em mesma situação!

Em Cristo, aquele que não buscou agradar a si mesmo, mas por todos nós se entregou,

BP

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Abaixo seguem os links para as demais postagens dessa série:
Batalha espiritual
O ressurgimento de inimigos vencidos no passado
O primeiro passo no caminho da vitória
A Palavra de ordem do Senhor
Experimentando plena vitória
O Cântico de vitória e os vencedores
E não foram à guerra...
Recebendo benção ou maldição

10/12/2007

Batalha Espiritual - O Cântico de Vitória e os Vencedores

“Naquele dia cantaram Débora e Baraque...” (Jz 5:1)

Caríssimos:

Na nossa meditação até agora procuramos mostrar alguns princípios básicos na questão da batalha espiritual. De um modo geral procuramos nos ater àquelas verdades emanadas da Palavra de Deus concernentes a como nos portar nesse tempo de guerra seja contra a carne, o mundo ou o diabo.

Em Juízes 4, Débora olhava a batalha numa perspectiva futura. Mas em Juízes 5, o seu olhar volta-se para o passado, para o que aconteceu durante o tempo da batalha.

Como mencionamos em postagens anteriores, temos nesse capítulo 5 uma figura muito viva do que acontecerá no tribunal de Cristo. Naquele dia, diante do Senhor, em uma grande reunião da família de Deus, Ele irá relembrar a situação de cada um de nós, de como nos comportamos durante o tempo presente de batalha. E naquele dia cada um de nós receberá do Senhor o Seu elogio ou a Sua reprimenda.

Entretanto, antes de prosseguirmos, deixe-me apenas colocar alguns pontos importantes a respeito dessa verdade tão crucial para os filhos de Deus, mas tão pouco pregada e ensinada que é o “tribunal de Cristo”. Não darei o fundamento do que afirmarei a seguir. Talvez faça isso num momento futuro caso venhamos a tratar especificamente sobre a volta do nosso Senhor Jesus. Mas, caso você tenha alguma dúvida no que afirmarei e queira a fundamentação, você pode mencionar isso nos comentários no final dessa postagem ou encaminhar-me um e-mail que responderei da melhor forma que eu puder.

Na volta do Senhor Jesus, antes de ser inaugurado o Seu reino milenar (Ap 20:1-6), acontecerá nos ares o tribunal de Cristo, no qual todos nós – somente os filhos de Deus, os salvos, os remidos pelo sangue do Senhor Jesus – vamos comparecer (2 Cor 5:10). Nesse tribunal as obras dos cristãos – e não os cristãos­ – serão julgadas, serão provadas (1 Cor 3:12-15) por aquele que tem os olhos como chama de fogo (Ap 1:14). Enquanto os cristãos comparecerão diante desse tribunal antes do reino milenar, os incrédulos comparecerão diante do trono branco ao final desse reino (Ap 20:11-15).

Nesse tribunal serão concedidos os galardões para aqueles que permanecerem fiéis ao Senhor no tempo presente. Entretanto, há a possibilidade de um crente genuíno perder privilégios reservados para ele na volta do Senhor, muito embora a sua salvação eterna esteja assegurada. Como nos diz em 1 Cor 3:15 “...sofrerá ele dano, mas esse mesmo será salvo, todavia como que através do fogo”.

Na verdade, o maior privilégio que será concedido ao cristão no tribunal de Cristo é poder reinar com Ele no seu reino milenar. Por isso as Escrituras nos advertem: “...desenvolvei a vossa salvação com tremor e temor” (Fp 3:12). Tudo aquilo que não tenhamos tratado diante do Senhor no tempo presente, e que não tenha sido confessado e apagado pelo sangue do Senhor Jesus, aparecerá naquele dia. As Escrituras nos exortam a acertarmos os nossos caminhos hoje com o Senhor, nunca amanhã. Como por exemplo, nos é dito para não se por o sol sobre a nossa ira (Ef 4:26), ou seja, não podemos deixar acabar o dia sem resolver essa questão diante do Senhor.

Ah, meus queridos, quantas coisas terríveis muitos dos filhos de Deus carregam por tantos anos e nunca acertam diante do Senhor. Quantas desavenças entre irmãos em Cristo que nunca são acertadas, nunca há o perdão mútuo. Certamente quando o Senhor voltar tudo será trazido à luz. Hoje, agora, é o tempo de acerto! Aquilo que o sangue do Senhor apagar de modo algum irá aparecer no tribunal de Cristo. Por isso João, o apóstolo, nos exorta em sua carta dizendo “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados” (I Jo 2:28).

Como temos nos comportado no tempo presente da batalha? Veremos que no cântico de Débora há algumas pessoas que são lembradas com elogio e outras com reprimendas e até sendo amaldiçoadas! Você se lembra da parábola dos talentos em Mateus 25? Houve servos que foram elogiados pelo seu senhor e outro que foi repreendido e amaldiçoado. Ó, quão sério é isso! Isso é um quadro do que acontecerá no tribunal de Cristo. Que o Senhor pela Sua graça e misericórdia nos ajude no tempo presente.

O cântico de Débora é o cântico dos vencedores! Daqueles que estiveram no campo de batalha e experimentaram a vitória. Ninguém pode cantar esse cântico a não ser um vencedor. Não é o cântico da nossa salvação. Não é a alegria da salvação que está sendo celebrada, mas o regozijo pela vitória que o Senhor nos concedeu no campo de batalha.

Quando o povo de Israel atravessou o Mar Vermelho, eles também cantaram um cântico. Mas esse cântico de Moisés nos aponta para o cântico da redenção. O povo de Deus foi redimido, foi tirado do Egito. Todo o povo, todos os filhos de Israel, puderam entoar esse cântico. Da mesma forma todos os filhos de Deus participam do cântico da redenção. Mas, um cântico como o que Débora entoou, somente pôde cantar aqueles que estiveram no campo de batalha e experimentaram a vitória.

Você se lembra daquela situação que Paulo e Silas passaram? Depois de pregarem a Palavra de Deus experimentaram oposições terríveis, mas apesar disso permaneceram numa posição de vitória! Foram encarcerados, mas à meia-noite entoavam louvores ao Senhor. Não sei quais louvores eles entoavam. Talvez Salmos, ou até mesmo cânticos espirituais que o Senhor tenha dado a eles... ah, mas com toda certeza eram louvores de vitória! Os cânticos dos vencedores!

Somente Paulo e Silas poderiam cantar aqueles cânticos naquele momento. E como esses louvores soaram bem aos ouvidos dAquele que nos conduz à vitória. Tanto é assim que quando Paulo e Silas louvavam, o Senhor manifestou a Sua aprovação, a Sua aceitação daqueles cânticos, rompendo as suas cadeias. É maravilhoso quando podemos entoar ao nosso Deus cânticos assim! Na nossa vida, no dia a dia, há muitas vitórias que experimentamos e quando isso acontece temos um cântico diante de Deus. O fruto da vitória será um cântico de louvor ao nosso Deus!

No momento da batalha pode ser tão difícil a situação, tão terrível muitas vezes. Mas depois que termina, podemos olhar para trás e ver os feitos do Senhor por nós e os Seus livramentos. Vemos que o nosso Deus é o Senhor dos Exércitos! Ele é a nossa fortaleza, a nossa rocha. Ó, bendito seja o Senhor!

Débora, depois de terminada a batalha, olha para trás e junto com Baraque cantam esse cântico profético. Apesar de ser um cântico rico em muitos detalhes, desejo apenas considerar com você aquelas pessoas que são lembradas nele. E quero aproveitar para salientar mais os aspectos da batalha espiritual corporativa ao invés dos aspectos individuais do nosso combate como salientamos na meditação do capítulo 4 de Juízes.

Vamos considerar primeiro aqueles que foram lembrados com elogio.

"Zebulom é povo, que expôs a sua vida à morte, como também Naftali, nas alturas do campo." (5:18)

Zebulom, junto com Naftali, estiveram na batalha e expuseram suas vidas. No capítulo doze de Apocalipse nos fala daqueles que venceram o inimigo. Diz que “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12:11).


Isso nos faz lembrar das palavras do Senhor Jesus: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho, salvá-la-á” (Lc 935). Essa vida aqui se refere a vida da alma. A palavra traduzida em Lucas e em Apocalipse por vida é a mesma: alma. O que isso nos quer dizer? Está relacionado a negarmos a nós mesmos. A vida da nossa alma (vontade, emoção e mente) deve ser negada para que a vontade, mente e emoção de Cristo se manifeste em nós. Isso significa que seremos como “fantoches” sem qualquer vida? Não! Em absoluto! Mas significa que toda vez que a minha alma estiver em confronto com Deus, eu devo negar a mim mesmo e aceitar aquilo que é de Deus. Como o nosso próprio Senhor Jesus fez: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e, sim a tua” (Lc 22:42). Nesse momento o Senhor estava negando a si mesmo. A vontade do Pai é que deveria prevalecer.

Uma das razões porque nossos irmãos venceram o inimigo, como nos é testemunhado em Apocalipse, foi porque não amaram as suas próprias vidas. Na batalha espiritual, se queremos experimentar a vitória, esse também deve ser um caminho trilhado por nós: negarmos a nós mesmos e tomarmos a cruz.

Zebulom e Naftali foram convocados para a batalha e prontamente atenderam ao chamado. Como precisamos de “Zebulons” e “Naftalis” nesses dias de hoje! Quantas coisas têm levado o povo de Deus em cativeiro. Como o mundo tem feito cativo o povo de Deus. Quanta religiosidade entre o povo do Senhor! Uma religiosidade que mantém os filhos de Deus cativos por aquilo que é produzido pelo homem e não pelo Espírito Santo!

Oh, como precisamos de soldados de Cristo que ergam as suas “espadas” pelo Senhor e pelo Seu povo. Soldados que tomem a Palavra de Deus, que é a espada do Espírito, para combater tudo aquilo que pertence às trevas e tem se levantado como verdadeiras fortalezas do inimigo impedindo que os crentes em Jesus Cristo vivam na liberdade dos filhos de Deus! (Gal 2:4). Judas escreveu sua carta, exortando-nos a batalharmos “diligentemente pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos” (Jd 3). Que o Senhor nos dê muitos Zebulons e Naftalis para com amor ao Senhor e aos irmãos, negando a si mesmos, não buscando agradar a homens e a si mesmos, mas a Deus, combaterem o bom combate!

Nessa batalha contra “Jabim” – os nossos próprios interesses, a nossa própria sabedoria, as riquezas, tudo aquilo que é terreno – nós precisamos ter essa atitude de não amarmos a nós mesmos, não amarmos a vida da alma. Devemos perdê-la (negar a nós mesmos e tomarmos a cruz), para depois ganhá-la quando o Senhor voltar. Naquele dia, quando estivermos face a face com o Senhor, vamos ganhar, seremos recompensados. Cantaremos diante do Senhor o cântico de vitória. Ali no tribunal de Cristo serão lembrados aqueles que venceram, aqueles que não amaram as suas vidas, assim como Zebulom e Naftali são lembrados nesse cântico de Débora e Baraque.

Naftali e Zebulom foram convocados para a batalha. Eles tinham a responsabilidade direta de Deus com relação àquele assunto. Entretanto, houve outros que se ofereceram. Eles não foram convocados, mas se ofereceram voluntariamente (v. 5:2) e foram elogiados por isso. Efraim, Benjamim, Maquir e Issacar foram lembrados, pois se identificaram com Débora, Baraque, Zebulon e Naftali e também foram à batalha.

Como isso nos indica a importância para cada um de nós nos identificarmos com as lutas dos nossos irmãos e irmãs em Cristo! De fato, muitas vezes eles é que são convocados diretamente para a batalha, mas devemos nos juntar a eles em seu socorro.

Para elucidar o que quero dizer, pense nas situações em que os irmãos com os quais você convive enfrentam. Por exemplo, uma família pode estar passando por uma tremenda luta com um filho que está envolvido em drogas. Quanta luta para essa família! O combate é terrível em todos os sentidos. E o que fazemos nesse caso? Podemos simplesmente olhar e ficar de longe assistindo o sofrimento daquela família. Mas porque você ama aos irmãos e ao Senhor você se identifica com essa família e vai em seu socorro nessa batalha. Como? No mínimo orando sinceramente por aquele filho e por aqueles pais! Oferecendo o seu amor e simpatia para com aqueles pais no seu sofrimento, encorajando-os a permanecerem firmes no Senhor aguardando o livramento da parte de Deus para o seu filho. Ou pode ser que você se sentirá movido pelo Espírito de Deus a oferecer as suas súplicas em favor daquele jovem com oração e jejum. É apenas um exemplo, mas o fato é que você se identificará com aqueles que precisam de socorro na batalha e o Espírito de Deus lhe guiará no que fazer.

Mas esse fato dessas tribos terem se oferecido voluntariamente para estarem na Batalha junto com aqueles que foram convocados, nos lembra também de que em toda a história da igreja tem acontecido da mesma forma. Há algumas batalhas do Senhor pelo Seu povo que precisam ser travadas. E geralmente o Senhor levanta alguns “juízes” como Baraque, e muitos se oferecem voluntariamente para estarem no campo de batalha juntamente com eles.

Pense no caso da Reforma. Deus levantou a Martinho Lutero para restaurar a verdade da justificação pela fé. Todo o inferno se levantou contra, mas nessa batalha do Senhor, muitos se ofereceram voluntariamente e abraçaram essa causa expondo literalmente as suas vidas por amor ao Senhor e à Sua verdade! Todas essas pessoas que se lembraram do Senhor e participaram dessa batalha serão lembradas com louvor diante do tribunal de Cristo. Os seus nomes estão registrados em um memorial eterno diante de Deus! (Mal 3:16). O Senhor sempre se lembrará deles!

E foi assim em vários períodos da história da igreja. Em cada mover do Espírito Santo em períodos distintos, muitos se identificaram com a causa do Senhor e se uniram na batalha pelo Senhor e pelo Seu propósito para aquele momento específico. Foi assim na Reforma, no movimento da vida interior, no movimento de santidade, no movimento mais conhecido como os irmãos de Plymouth - “Plymouth Brethren” (eles começaram a se reunir apenas no nome do Senhor e foram usados por Deus para restaurarem a verdade da igreja como o corpo de Cristo e muitas outras verdades).

Todos que se identificaram com a causa do Senhor foram vencedores num período tão difícil para eles. Muitas verdades de Deus foram restauradas e nós as desfrutamos no tempo presente por causa desses valentes que o Espírito Santo levantou para batalhar as guerras do Senhor! Os seus nomes serão eternamente lembrados pelo Senhor.

No Novo Testamento você também encontrará muitos registros nesse sentido. Registros daqueles que por causa do amor ao Senhor e aos irmãos combateram o bom combate! Pense em Paulo, o apóstolo. Deus o chamou para um ministério, mas para realizá-lo ele experimentou muitas lutas. E o Espírito Santo deixou registrado na Palavra de Deus, as Escrituras eternas, o nome de alguns que foram em socorro de Paulo. Por exemplo, nos é dito que Priscila e Áquila, cooperadores de Paulo em Cristo Jesus, pela vida de Paulo, arriscaram a sua própria cabeça (Rm 16:3-4). Se uniram a Paulo na batalha pelo Senhor e pelo evangelho.

Louvado seja o Senhor por todos os santos de Deus de todas as épocas que batalharam as guerras do Senhor! Que o Espírito Santo possa levantar muitos soldados de Cristo nos dias em que vivemos!

Continuaremos na próxima postagem, se o Senhor nos permitir.

NAquele que coloca em nossos lábios um cântico de vitória,

BP
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Abaixo seguem os links para as demais postagens dessa série:

21/11/2007

Batalha Espiritual - Experimentando plena vitória

Vamos avançar um pouco mais na nossa meditação sobre a batalha espiritual, conforme ilustrado nos Juízes capítulos 4 e 5.

Após os filhos de Israel terem-se arrependido e clamado ao Senhor por livramento Ele enviou o socorro. Esse livramento inicia com uma palavra específica da parte do Senhor, indicando o que eles deveriam fazer para experimentarem a vitória sobre o inimigo. Cabia aos filhos de Israel receber e obedecer aquilo que o Senhor ordenou em Sua Palavra.
“...Porventura o Senhor Deus de Israel não deu ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus carros, as suas tropas: e o darei nas tuas mãos”. (Jz 4:6-7).

“Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes, e com ele subiram dez mil homens; e Débora também subiu com ele”. (Jz 4:10)

O Senhor havia dado instruções muito específicas para Baraque: ele deveria levar dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom ao monte Tabor e a partir desse monte eles desceriam contra os seus inimigos.

Em obediência à Palavra do Senhor, Baraque volta para Quedes e convoca a Zebulom e a Naftali (v.4:10).

Queridos irmãos: De onde somos convocados para a batalha? “Quedes” é o lugar apropriado. Em Josué 21:32 nos é dito que Quedes era uma das daquelas cidades de refúgio, na qual o homicida estaria seguro com relação ao seu vingador. Foi a partir dessa cidade que Baraque convocou o povo a subir ao monte e então irem para a peleja.

O que nos fala essa figura da cidade de refúgio? Ela lembra-nos da obra da cruz, da obra do nosso Senhor Jesus a nosso favor. É nela que nós temos refúgio. Somente a partir dali é que podemos sair para a batalha. Somos convocados a nos reunir ali, a estar ali antes de partir. Se você parte de qualquer outro lugar certamente será derrotado contra “Jabim e o seu exército”. Toda a nossa vitória tem o seu fundamento na obra do Senhor na cruz. A vitória foi conquistada ali para cada um de nós. Foi ali na cruz que o Senhor despojou a principados e potestades e publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles (Col 2:15). Foi ali também que o nosso velho homem foi vencido, foi crucificado (Rm 6:6). É a partir dessa “cidade de refúgio”, e somente dela, que vamos à batalha sabendo que a vitória já é nossa, pois Ele a conquistou por nós. É somente a partir dali que nos tornamos vencedores na batalha. Aleluia! Bendito é o nosso Senhor Jesus!

Por que será que a convocação para a batalha foi especificamente para Zebulon e Naftali? Deve haver mais respostas, mas ocorre-me que o motivo primeiro era porque o inimigo estava exatamente próximo a eles. A cidade onde Jabim construiu o seu “quartel general” estava no território de Naftali e Zebulom era seu vizinho. Eles deveriam assumir o combate primeiro em nome do Senhor e a favor de todo o Seu povo. Muito embora a responsabilidade de tomar a dianteira fosse dessas duas tribos, era esperado que todo o povo, todas as outras tribos de Israel, fossem em socorro deles, como nos é mostrado por Débora em seu cântico no capítulo 5.

Da mesma forma conosco hoje, somos convocados a batalharmos diretamente naquilo que nos tem afligido, que está “perto de nós, é nosso vizinho” e também socorrer quando for o caso “aqueles que estão na tribo de Naftali e Zebulom”. Isso nos fala da nossa batalha que na verdade é corporativa. Somos membros uns dos outros. A batalha dos nossos irmãos em Cristo deve ser também a nossa batalha.

Após essa convocação em Quedes eles vão ao monte Tabor como o Senhor ordenou. Do alto eles poderiam ter uma visão do campo de batalha. “Tabor” significa “propósito”. E da mesma forma como eles foram chamados a irem a esse lugar, somos também chamados a participarmos do propósito de Deus a partir da “nossa Quedes, a cidade refúgio”, a obra de nosso Senhor Jesus na cruz.

Quando pensamos no propósito de Deus, sabemos que existe um grande propósito, ou usando as palavras das Escrituras, “o eterno propósito que Deus estabeleceu em Cristo” (Ef 3:11). As Escrituras afirmam que Deus irá fazer convergir todas as coisas em Cristo (Ef 1:10). Ou dizendo em outras palavras, trazer tudo para debaixo da autoridade do Senhor Jesus Cristo. Esse é o grande propósito de Deus e pela Sua graça somos participantes dele. Somos chamados a cooperar com o Senhor em seu propósito. Há muitos inimigos que podem estar oprimindo o povo de Deus. E todos os nossos inimigos que estão nos oprimindo - as coisas que nos tentam tirar da vontade de Deus, a sabedoria deste mundo, toda sua luxúria, tudo de que Canaã nos fala - precisam ser vencidos para que o propósito de Deus se cumpra em nossas vidas. Devemos cooperar com o Senhor, para que Ele nos conduza à vitória. Devemos dizer sim, devemos ouvir, aceitar o chamado, a convocação do Senhor e ir.

Após terem ido ao monte Tabor, "Então disse Débora a Baraque: Dispõe-te, porque este é o dia em que o Senhor entregou a Sísera nas tuas mãos: porventura o Senhor não saiu diante de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele”. (v. 4:14)

É o Senhor quem vai à frente nessa batalha! "E o Senhor derrotou a Sísera e a todos os seus carros, e a todo o seu exército ao fio da espada, diante de Baraque; e Sísera saltou do carro e fugiu a pé”.(v.4:15)

Em resposta ao clamor do povo, Deus agiu dos altos céus e enviou a libertação. A Palavra do Senhor se cumpriu fielmente. Após Baraque ir para o monte Tabor com o povo, o Senhor como havia dito, induziu a Sísera com seu exército e seus carros de ferro a irem para o ribeiro do Quisom. E que coisa tremenda. Repare no que aconteceu nesse ribeiro. Nos diz Débora no seu cântico:

“Desde os céus pelejaram as estrelas; desde as suas órbitas pelejaram contra Sísera. O ribeiro de Quisom os arrastou, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom...”.(vs 5:20-21).

Caiu chuva torrencial, o ribeiro de Quisom transbordou e todos os carros do inimigo foram arrastados. O poder do inimigo foi anulado e assim todo o exército de Sísera foi derrotado.

Alegremos-nos no Senhor, pois a nossa vitória é celestial! Vem do alto, dAquele que está assentado no trono e tem sob o Seu controle todas as coisas.

"Porém Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher de Héber, queneu; porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu. ... Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda, lançou mão dum martelo, e foi-se mansamente a ele, e lhe cravou a estaca na fonte, de sorte que penetrou na terra, estando ele em profundo sono e mui exausto; e assim morreu." (v.4:17, 21)

Caiu nas mãos de Jael a oportunidade de dar fim ao inimigo. Ela junto com Héber, seu marido, saiu do meio dos queneus, se separou deles, e foi e armou sua tenda num outro lugar. Entretanto, apesar dessa separação ela e o seu marido ainda continuavam amigos do opressor de Israel. “...porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu.” Mas, finalmente, ela é aquela que executa o golpe fatal sobre o inimigo de Deus.

Vemos aqui mais um princípio importante nessa questão da batalha: devemos nos separar de tudo aquilo que é hostil ao Senhor e ao Seu povo. Temos que nos separar inteiramente para o Senhor para percebermos a Sua vitória de modo pleno na nossa vida e na vida do povo de Deus! Essa separação está também relacionada à nossa santificação.

Inicialmente Jael se separou, mas ainda não havia se separado completamente. Ela ainda tinha amizade com Jabim. Muitas vezes nós temos feito uma separação parcial das coisas que pertencem a Jabim e a Canaã, das coisas desse mundo, da sabedoria desse mundo. Estamos ainda “namorando” essas coisas. Somos separados, mas não de modo pleno. Mas graças a Deus, quando essa amizade com o mundo for rompida, quando despojarmos aquilo que é abominável diante do Senhor, poderemos ver de maneira cabal em nossas vidas a vitória sobre os nossos inimigos.

Veja o que o Senhor disse a Josué, após o povo ter sido derrotado pelos seus inimigos em Ai: “Levanta-te santifica o povo, e dize-lhe: Santificai-vos para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; não poderás suster-te diante dos teus inimigos, enquanto não tirares do meio de ti o anátema”. (Js 7:13) Que aviso solene! Devemos nos separar de tudo que é anátema diante do Senhor e assim veremos o Senhor agindo em nossas vidas e do seu povo!

Que o Espírito de Deus possa nos revelar aquilo de que ainda precisamos nos separar de maneira mais plena, aquilo que precisamos lançar fora e que ainda mantemos conosco e é contrário ao Senhor para podermos experimentar cabalmente a vitória sobre o que porventura esteja nos oprimindo.

A figura de Jael tomando a estaca da tenda e cravando na fronte de Sísera nos indica o quanto nos é necessário termos uma atitude radical em relação à nossa mente carnal. Deixo aqui o testemunho e a instrução da Palavra de Deus em Colossenses 3:1-10:

“...Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Fazei pois morrer a vossa natureza terrena: a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência nas quais também em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas; mas agora despojai-vos também de tudo isto: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca; não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos, e vos revestistes do novo homem, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.”

“Buscar e pensar nas coisas lá do alto, fazer morrer a nossa natureza terrena, despojar-nos do velho homem e nos revestirmos do novo homem” nos indica um caminho de separação, de santificação que nos fará experimentar plena vitória sobre os nossos inimigos, seja nossa carne, o mundo ou o diabo!

Prosseguiremos posteriormente no capítulo 5, onde veremos como cada um se comportou durante o tempo da batalha. Olhando para trás, Débora, profeticamente, vai falar-nos como cada um se portou durante o tempo da batalha. Esse cântico é uma figura do que será mostrado no tribunal de Cristo, como cada um de nós se comportou no momento presente da batalha. E podemos ver assim a palavra de exortação para cada um de nós: tanto nos encorajando como nos advertindo.

Na Sua graça e misericórdia,

BP
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05/11/2007

Batalha Espiritual - A Palavra de Ordem do Senhor

Esta é a quarta postagem que fazemos a respeito do assunto que temos tratado: "batalha espiritual". Temos utilizado como figura e exemplo, a história do povo de Israel conforme registrada no livro de Juízes capítulos 4 e 5.

Vimos na postagem anterior que o primeiro passo no caminho da vitória, da libertação, é o “clamor ao Senhor”. E em resposta a esse clamor veremos o agir de Deus no meio do seu povo conduzindo-o a uma plena vitória na batalha.

O segundo passo é “receber e obedecer aquilo que o Senhor nos ordena em Sua Palavra”!

Voltemos ao texto de Juízes:

“Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus de Israel não deu ordem, dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom? E farei ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera, comandante do exército de Jabim, com os seus carros, as suas tropas: e o darei nas tuas mãos”. (Jz 4:4-7).


Vemos nesses versos o Senhor se compadecendo do Seu povo e enviando o socorro, após ter ouvido o seu clamor. Através de Débora Ele envia uma palavra profética para despertar Seu povo e levá-lo à vitória sobre o seu opressor. Esta palavra estabeleceu o que o povo deveria fazer para que o Senhor entregasse o inimigo nas suas mãos. E o que deveriam fazer? Apenas crer e obedecer a ordem do Senhor.

Eles participariam de uma batalha cuja vitória era certa, poism o Senhor é quem iria à frente deles (v. 4:14), dando nas mãos do Seu povo a Sísera com seus carros e suas tropas (v. 4:7). E quem de fato derrotou o inimigo? No versículo 4:14 nos é dito que o “Senhor derrotou a Sísera, e a todos os seus carros, e a todo o seu exército a fio da espada diante de Baraque”. O que eles precisaram fazer além de atender a convocação do Senhor? Nada!

Aleluia! Na nossa batalha quem vai a nossa frente é o Senhor! Quem derrota o inimigo diante de nós é o Senhor! Cabe-nos apenas dar um passo de fé obedecendo a Sua Palavra, cumprindo aquilo que ela nos ordena.

Débora estava numa posição de vencedora e é usada por Deus como mãe de Israel (v. 5:7) e trouxe a Palavra da parte do Senhor para animar o povo. Nos é dito que Débora habitava debaixo de uma palmeira que depois veio a ter o seu nome, entre Ramá e Betel.

A nossa posição deve ser como essa de Débora: estar habitando entre Ramá e Betel. Ramá significa “lugar alto” e nos lembra da nossa posição, de que estamos assentados nos lugares celestiais em Cristo (Ef 2:6) e fomos abençoados com toda sorte de bençãos espirituais (Ef 1:3). Betel, que é a “Casa de Deus”, fala-nos de qual deve ser a nossa experiência. A casa de Deus é o lugar para expressarmos e manifestarmos, juntamente com todo o povo do Senhor, aquilo que temos recebido em Cristo. Ou seja, a nossa experiência deve ser a expressão daquilo que é celestial, ela deve refletir a posição que temos em Cristo. A Casa de Deus também nos fala da nossa comunhão uns com os outros, do nosso fortalecimento corporativo. Precisamos de todos os irmãos e irmãs para experimentarmos a plena vitória do Senhor nas nossas vidas. O resultado dessa realidade é de que prosperaremos no caminho do Senhor. As Escrituras nos falam de que “o justo florescerá como a palmeira” (Sl 92:12) e o registro de que Débora habitava debaixo da palmeira vem nos lembrar isso.

É interessante notarmos que o Espírito do Senhor não somente registrou "Débora, profetisa", mas também, "mulher de Lapidote". Creio que o Espírito Santo registra aqui o cabeça de Débora, seu marido, para nos lembrar que devemos estar sujeitos ao governo de Deus, pois estar debaixo do governo de Deus é estar numa posição de vencedor. Quando estamos debaixo do governo do Senhor, sujeitos ao Senhorio de Cristo, o nossa cabeça, receberemos a Palavra de Deus, e em obediência e confiança avançamos.

Baraque recebeu uma palavra muito específica da parte do Senhor, trazida por Débora. Ela faz uma pergunta a ele: "Porventura o Senhor Deus de Israel não deu ordem dizendo: Vai, e leva gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom?" Esta pergunta nos sugere uma coisa: Quando ela trouxe essa palavra profética para Baraque, na realidade Deus já havia falado com ele.

Baraque já sabia da vontade de Deus, mas ele estava demorando a fazer aquilo que era do propósito do Senhor. Ele estava sendo lento demais em fazer a vontade do Senhor. Essa era uma das suas fraquezas. E Débora, com essa palavra profética, tenta despertá-lo novamente. Era como se Débora estivesse falando a Baraque: ‘O Senhor não falou isso? O que você está esperando? Anima-te! Ergue a tua espada a favor do Senhor e do Seu povo!’.

É necessário que a Palavra do Senhor venha a nós com frescor, com poder, com unção para nos reanimar. É necessário muitas vezes que aquela palavra escrita (logos) se torne uma palavra viva (rhema)! E na questão da batalha é essa palavra viva que fará a diferença. Ela é a verdadeira espada do Espírito (Ef 6:17).
A situação de Baraque nos faz lembrar aqueles dois discípulos no caminho de Emaús. O Senhor os exortou dizendo: "Ó néscios e tardos de coração para crer...” (Lc 24:25). Parece-nos que Baraque estava nessa situação de fraqueza. O Senhor já havia falado, ele já sabia o que deveria fazer, mas pela sua incredulidade estava demorando em agir de acordo com a vontade do Senhor. E, portanto, ele precisava ser despertado.

Quantas coisas o Senhor já tem falado conosco! O Senhor tem nos mostrado o que devemos fazer com alguma situação na nossa vida. Algum cativeiro, algum pecado oculto, alguma fraqueza que nos tem feito tropeçar etc, mas parece que muitas das vezes nos demoramos em agir de acordo com a Palavra do Senhor. Conhecemos o que as Escrituras nos dizem a respeito da situação que estamos vivendo, mas aquelas verdades de Deus ainda não se tornaram realidade em nós.

Por exemplo, você conhece a expressão das Escrituras “não temas” (Alias essa expressão aparece 366 vezes na Bíblia! Uma para cada dia do ano, até mesmo há uma provisão para o ano bissexto!), mas você pode estar passando por uma situação em que mesmo querendo confiar, você sente-se com medo. Mas, pela misericórdia do Senhor, de uma forma maravilhosa o Espírito Santo aviva esta palavra em seu coração! Oh, que glória, porque com essa palavra viva no seu coração nada mais te detem! Toda confiança e fé nascem de modo vigoroso.

Lembro–me que, muitos anos atrás, eu estava passando por uma experiência na qual mesmo tentando confiar estava com medo do que poderia vir a acontecer-me. Nessa situação o Senhor trouxe ao meu coração a palavra de Isaías 41:10: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel”! Uma palavra viva! Lançou fora todo o receio, todo o medo e uma fé firme no Senhor se manifestou. Aleluia! O Senhor sempre nos envia o seu socorro. Aquela expressão que eu já conhecia se tornou viva na minha experiência.

Talvez isso esteja acontecendo com você nesse exato momento. Você está na batalha e precisa desesperadamente de uma palavra viva do Senhor. Pode ser que você já conheça a verdade do Senhor, conheça o "logos", mas ainda essa verdade não fez efeito em sua vida. Por exemplo, quem sabe você está esperando a vitória especificamente sobre alguma concupiscência da carne que o atormenta. Você conhece Romanos 6:6, “Sabendo isso, que foi com ele crucificado o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos”, mas ainda não é uma realidade em sua vida. E como Jacó, você se agarra no Senhor e o não permite ir até que Ele torne essa palavra real, que torne esse “logos” em “rhema” para você. Ó, quanta diferença será dali pra frente! Essa palavra se torna a espada do Espírito em sua vida e então você entra na vitória que há em Cristo Jesus.

Ó meus queridos irmãos, que o Senhor nos dê a graça de podermos fazer “habitar em nós ricamente a Palavra (logos no grego) de Cristo” (Col 3:16) e que roguemos ao Senhor que Ele pelo seu bendito Espírito Santo possa soprar essa palavra de modo a torná-la viva para cada um de nós!

Baraque era vizinho de Hazor. Ele vivia nessa cidade e Jabim estava do seu lado. Dia a dia ele estava convivendo com aquela situação de opressão, mas ainda não se tinha levantado em favor do Senhor, em favor do seu povo, em favor de si mesmo. Quantas vezes somos como Baraque! A sua fé estava misturada com a fraqueza, pois ele diz a Débora: "Se fores comigo, irei; porém se não fores comigo, não irei. (v. 4:8)" Havia um temor e uma fé tímida em Baraque.

Às vezes o Senhor tem que nos dizer como disse aos seus discípulos: "Por que sois tímidos, homens de pequena fé?" O Senhor já havia falado com eles: "vamos atravessar, vamos para o outro lado", mas havia uma timidez de fé. Baraque está nessa situação. Ele disse a Débora: ‘Eu vou, mas somente se você for comigo’. Débora prontamente diz: irei! Por quê? Porque ela não tinha nenhuma dúvida de que aquela era a Palavra do Senhor, que este era o propósito de Deus. Ela de fato estava na posição de vencedora!

Baraque é então advertido por Débora: “Certamente irei contigo, porém não será tua a honra da investida que empreendes; pois às mãos de uma mulher o Senhor entregará a Sísera” (v. 4:9). E de fato, Baraque não recebeu a honra da investida da batalha contra Sísera. Jael foi quem levou essa honra.

Isso nos remete a uma solene palavra do Senhor Jesus à igreja em Filadélfia: "Venho sem demora, conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" (Ap 3:11). Na batalha do Senhor precisamos ser fieis à sua Palavra para não incorrermos em perdas. Diante do tribunal de Cristo, poderá acontecer que alguns de nós venhamos a perder algum privilégio, algum galardão, alguma recompensa que o Senhor havia preparado para nós, ainda que a nossa posição em Cristo, de filhos de Deus, permaneça inabalável!

E a semelhança de Baraque, muitos de nós na nossa caminhada espiritual, na nossa batalha, não começamos bem: nos demoramos por causa da incredulidade e não aceitamos sem reservas a Palavra do Senhor. Mas graças ao Senhor, vemos em Baraque alguém que mesmo tendo alguma dificuldade no início da sua carreira ele a concluiu de modo digno do Senhor! E temos a evidência clara de que ele completou bem a sua carreira, pois vemos o seu nome registrado na “galeria dos heróis da fé” ali em Hebreus 11 junto de vencedores como Sansão, Samuel e muitos outros.

Isso traz claramente à nossa memória, o que o Senhor diz através de Paulo: "...o que se requer dos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel" (1 Cor 4:2). É muito doloroso começarmos mal a nossa carreira com o Senhor; ou então no meio do caminho também estarmos mal na nossa carreira. Mas importa muito mais o como cada um de nós concluirá a sua carreira diante do Senhor.

Baraque, depois dessa batalha, ainda continuou fazendo as batalhas do Senhor. Dizem os versículos 23 e 24 do capítulo 4: "Assim Deus naquele dia humilhou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel. E cada vez mais a mão dos filhos de Israel prevalecia contra Jabim, rei de Canaã, até que os exterminaram." Ele foi até o fim e concluiu bem a sua carreira, sendo fiel. De uma fé vacilante, tímida, fraca, agora vemos um pleno fortalecimento. Quando ele viu o braço poderoso do Senhor agindo, quando ele viu cumprindo-se aquela palavra dada a ele, cumprindo-se o propósito de Deus, ele se fortaleceu no Senhor e na força do Seu poder!

O Senhor, na sua graça, nos faz experimentar a sua bondade e fidelidade. E ao experimentarmos o cumprimento da sua Palavra em nossas vidas somos encorajados e fortalecidos em nossa fé. Ele nos chama, nos convoca para a batalha, assim como Baraque foi convocado. Precisamos nos levantar e marchar em nome do Senhor. O nosso general, Cristo Jesus, está indo à nossa frente. A batalha é dEle e Ele é quem nos dá a vitória. Nesse chamado, ou nessa convocação para a batalha, que possamos dizer como Paulo: “combati o bom combate, completei a carreira”! Que possamos ser encontrados pelo Senhor como aquele servo fiel, que receberá o louvor do seu senhor: “Servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25:21).

O nome Baraque nos é lembrado como o filho de Abinoão (v. 4:6). Um dos significados do nome Abinoão é “pai da graça”. Não é interessante que para participar da guerra do Senhor seja convocado um que é filho do "pai da graça"?

Ó, meus queridos, nós que um dia fomos salvos pela graça de Deus, somos agora filhos do Pai da graça! Aleluia! E somente aqueles que são os filhos desse Pai são convocados para a batalha. Uma batalha na qual experimentaremos a vitória porque estamos do lado vencedor, estamos no vencedor, em Cristo! Tremendo privilégio!

Alegre-se no Senhor! Você foi convocado(a) para a batalha porque você é um(a) filho(a) do Pai da graça!

Naquele que transbordou a Sua graça a nosso favor,

BP
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30/10/2007

O primeiro passo no caminho da vitória

“Clamaram os filhos de Israel ao Senhor...” Jz 4:3

Queridos Amigos:

Nas postagens anteriores vimos os motivos que nos podem levar ao cativeiro espiritual e também que por nós mesmos, na nossa força natural, é impossível sair debaixo desse jugo. Agora queremos avançar um pouco mais nesse assunto tão crucial da nossa carreira cristã. Queremos ver o primeiro passo para o caminho da libertação na nossa batalha espiritual.

Bendito seja o Senhor que sempre provê para o Seu povo um caminho de vitória!

Não cair em cativeiro, em uma opressão dos nossos inimigos espirituais, como já dissemos anteriormente, tem uma condição: fazer do Altíssimo a nossa morada, o nosso refúgio! (Sl 91:9) E fazer do Senhor a nossa morada, dentre outras realidades, implica em estarmos mantendo aquela santa vigilância, nos “fortalecendo no Senhor e na força do Seu poder; revestindo-nos de toda a armadura de Deus, para podermos permanecer firmes contra as ciladas do Diabo (Ef 6:10-12). Embora a nossa posição seja de descanso em Cristo, na Sua obra na cruz, isso não significa passividade, mas ao contrário, significa apropriar-nos pela fé de toda a provisão que nos foi feita em Cristo Jesus nosso Senhor.

Preste atenção nas proposições de Paulo, como “fortalecei-vos”, “revesti-vos”. Elas implicam em ações definidas, concretas, reais que eu e você temos que tomar. E claro, só conseguimos agir nessa direção movidos pela graça de Deus, com a ajuda do Espírito Santo.

O resultado desse posicionamento, desse nosso agir de acordo com aquilo que ordena a Palavra de Deus será “permanecer firmes contra as ciladas do Diabo”! O tomar “toda a armadura de Deus”, tem um objetivo bem definido, que é “resistir no dia mau e, depois de termos vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6:13, Versão RA).

Ó, como na batalha é necessário estar revestidos com a armadura de Deus! Fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder! Só assim, podemos permanecer firmes, inabaláveis, contra todas as ciladas e ataques das trevas. Do contrário caímos e somos presas fáceis.

Paulo nos afirma em 2 Coríntios 2:11 que não ignoramos os ardis de Satanás. Ele usará todas as circunstâncias, pessoas, o mundo e a nossa carne com o objetivo de nos derrotar.

Não esqueçamos: há um dia mau em nossa experiência, na nossa caminhada. Há um dia em que parece haver uma conspiração declarada contra nós, e temos a nítida impressão de que há poderes das trevas maquinando toda sorte de ardis contra nós. Você que já tem um tempo a mais com o Senhor pode confirmar essas minhas palavras aqui. Quantas vezes começamos o dia e parece que tudo está tremendamente errado, nada parece dar certo, seja em casa, no trabalho, está tudo tumultuado, as suas palavras são totalmente distorcidas, as pessoas se levantam contra você... uma infinidade de coisas negativas surgem como que do nada.

Mas há também aqueles dias que as ciladas são colocadas na sua frente, só que agora em “tons coloridos, brilhantes”, atraentes, incitando a sua carne com o fim de levá-lo a andar em todas as suas concupiscências. Como são terríveis tais tentações! Há todos os tipos de maquinações do inimigo para nos levar a andar na carne. Ele conhece as nossas fraquezas, e conhecedor que é delas, os seus ministros, os espíritos do mal, vem com todas as suas insinuações para que sedamos nas nossas fraquezas.

Mas bendito seja Deus, “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4:15). E a recomendação e a promessa da Palavra de Deus é: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:16).

Há um tempo mais oportuno do que esse, quando somos assim atacados na batalha, para sermos socorridos e recebermos misericórdia e graça? Ó, meus queridos, posso afirmar de todo coração, como precisamos do socorro, da misericórdia e da graça do nosso amado Sumo Sacerdote!

Mas o fato que está diante de nós agora é: o que fazer caso tenhamos caído, se estamos nesse tão humilhante cativeiro? Como voltar para aquela posição de vitória, como sacudir de cima de nós o jugo que nos impõe o inimigo? O que fazer, a exemplo do povo de Israel, depois de ter-se afastado da presença do Senhor, ver-se oprimido por um "rei Jabim"?

O caminho de volta, o caminho da libertação, começa aqui: “Clamaram os filhos de Israel ao Senhor...” Jz 4:3

O livramento veio a partir desse momento em que os filhos de Israel clamaram ao Senhor. Por causa desse clamor Deus enviou o socorro. A partir desse clamor várias coisas sucederam até que a completa vitória sobre o inimigo veio e o povo pode experimentar tempo de paz novamente. Até então o povo experimentava apenas a opressão, a humilhação, a zombaria, o escárnio do inimigo e o medo espalhado através do seu exército com os seus 900 carros de ferro.

Aqui temos um exemplo do céu se movendo em direção a terra a partir do clamor do povo ao Senhor. Parece que tem sido sempre assim. O Senhor aguarda até que a Ele chegue o clamor, o pedido de socorro e então Ele intervem. Foi assim que Israel experimentou o livramento do cativeiro do Egito. “Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios...” (Ex 3:7-8).

Nesse exemplo não há dúvida. O Senhor moveu o Seu braço somente depois do povo ter clamado. E se você examinar as Escrituras verá que há muitos outros exemplos confirmando que o operar de Deus no meio do Seu povo sempre é assim: primeiro o clamor e depois a intervenção de Deus.

Mas esse clamor do povo a Deus é conseqüência, ou se podemos colocar dessa forma, é a manifestação de alguns fatos que devem acontecer.

Primeiro, esse clamor foi fruto do arrependimento e confissão dos seus pecados. Veja como está registrado o mesmo evento descrito em Juízes no livro de I Samuel: “E clamaram ao SENHOR e disseram: Pecamos, pois deixamos o SENHOR...” (v. 9). O clamor foi fruto do arrependimento. Reconheceram os seus maus caminhos e que haviam pecado contra o Senhor e por isso estavam sujeitos ao cativeiro.

O genuíno arrependimento vem de uma tristeza segundo Deus (2 Cor 7:10). Nos entristecemos por ter ofendido ao Senhor, por termos seguido algum caminho mau e desejamos verdadeiramente nos voltar para o Senhor.

Segundo, esse clamor foi um humilhar-se diante de Deus. Em 1 Pedro 5:6 nos é dito “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte”. O desespero do povo o levou a se humilhar diante de Deus. As Escrituras nos lembram que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6). Enquanto estivermos confiados na força do nosso braço carnal só experimentaremos a derrota. Mas se nos humilharmos diante do Senhor receberemos graça!

Terceiro, esse clamor foi o reconhecimento de que só o Senhor poderia livrá-los. Eles chegaram ao fim de si mesmos. Reconheceram que neles mesmos não havia nenhuma possibilidade de vencer o inimigo.

Nesse processo de libertação, enquanto colocarmos a esperança em nós mesmos não reconheceremos que somente no Senhor temos a vitória. Recordemos as benditas palavras do Senhor Jesus a seus discípulos: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).

Esse é o primeiro passo para a libertação, para experimentar a vitória sobre o inimigo: “Clamaram ao Senhor”!

Deixo aqui alguns versos da Palavra de Deus que sumarizam o que buscamos mostrar nesse primeiro passo rumo a vitória. Medite neles.

“... Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. (Tg 4:6-7)

“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1Pd 5:6).

“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4:16).


Consideraremos, posteriormente, os próximos passos que o povo de Israel deu rumo a Vitória.

O que colocamos aqui é apenas uma parte do “sujeitai-vos a Deus, humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus”. Precisamos avançar ainda para a outra verdade de “resisti ao diabo e ele fugirá de vós”.

Que o Senhor o (a) fortaleça para a peleja!

No Seu amor e unidos com Ele na Batalha Celestial,

BP
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19/10/2007

O ressurgimento de inimigos vencidos no passado

Queridos amigos:

Como eu escrevi na última mensagem, é meu desejo meditar sobre a nossa batalha espiritual, usando a porção das Escrituras em Juízes 4 e 5 como uma figura, buscando extrair dela as lições e os princípios espirituais à luz do Novo Testamento.

Que o Espírito do Senhor abra os olhos do nosso coração, revelando a sua vontade específica para cada um de nós em nossa batalha espiritual.
"Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor, depois de falecer Eúde. Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. Sísera era o comandante do seu exército, o qual então habitava em Harosete-Hagoim. Clamaram os filhos de Israel ao Senhor, porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos oprimia duramente os filhos de Israel”. (Jz. 4:1-3)

Essa porção das Escrituras descreve um dos cativeiros mais terríveis experimentados pelo povo de Deus no tempo dos Juízes. A sua causa, como dos demais, foi porque “tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor”. Ou como nos diz uma passagem paralela em I Samuel 12:9, “esqueceram-se do Senhor seu Deus”! Viraram as costas para Aquele que um dia os havia libertado da terra da escravidão e dado a eles a terra da promessa. O desejo do Senhor era que sempre o Seu povo experimentasse a vitória e a plenitude da Sua benção nessa terra. No entanto, para que isso fosse uma realidade, deveriam ter feito do Altíssimo a sua morada (Sl 91:9).

Que contradição! Estavam sendo escravizados novamente, e dentro da terra da promessa.

Não seria o mesmo caso muitas vezes com o povo de Deus hoje? Deus “nos libertou do reino das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Col 1:13). O Seu Filho veio para nos dar vida e vida em abundância (Jo 10:10). Ele é a nossa boa terra, a nossa herança. Somos mais que vencedores por meio dEle. Entretanto, muitas vezes, mesmo depois de sermos libertos, nos achamos debaixo de algum jugo, vivendo uma vida totalmente derrotada, infrutífera, não experimentando da realidade das riquezas que Deus nos deu em Cristo Jesus.

Quem era esse opressor do povo de Deus? Qual era a sua cidade? Quem era o seu comandante e onde ele habitava? Muita luz nos é trazida quando consideramos a resposta a cada uma dessas perguntas. Muitas figuras e muitos exemplos nos foram deixados pelo Espírito Santo registrados nas Escrituras. Como nos é dito em 1 Cor 10:11, “Estas cousas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.”

Nessa passagem do livro de Juízes aparece o terceiro opressor do povo de Deus, o rei Jabim. Surpreende-nos o aparecimento desse rei nesse momento da história de Israel. Já havia passado mais de cem anos desde que Israel, com a liderança de Josué, tinha experimentado uma total vitória sobre ele. A espada de Josué havia derrotado a esse rei e a todos os moradores da cidade de Hazor (Js 11:10-11). Além de Josué destruir a todos, não deixando nenhum sobrevivente, Hazor foi totalmente queimada. Plena vitória sobre o inimigo!

Quem poderia imaginar que um dia esse mesmo inimigo ressurgiria? Parecia impossível. Entretanto, esse mesmo rei é reavivado. Ainda que não fosse a mesma pessoa, - Jabim era um título, assim como Faraó - surge a mesma figura. E ainda aparece com o seu poder intensificado. Quando Josué venceu a Jabim, ele queimou os seus carros porque muito provavelmente eram de madeira. Mas agora Jabim vem com muitos carros, não de madeira, mas de ferro! (Js 11:9 e Jz 1:3) Aquele inimigo que uma vez havia sido derrotado e totalmente jubjugado, surge novamente e passa a oprimir duramente aqueles que no passado foram vitoriosos sobre ele.

O povo que uma vez entoou o cântico da vitória sobre o inimigo, agora derrama suas lágrimas por causa da dura opressão debaixo do jugo daquele que havia sido desbaratado. Humilhante, mas era a realidade do povo de Deus. Isso tudo constitui uma solene advertência para nós. O ressurgimento desse rei nos lembra uma verdade importante na nossa vida cristã e que nunca poderíamos esquecer:

Vencer algum inimigo espiritual no passado, não garante que nunca mais ele voltará a perturbar-nos!

Nunca pense que por ter vencido, por exemplo, um pecado ou alguma fraqueza na sua vida, que aquele pecado ou essa fraqueza nunca mais o perturbará. Seria um engano pensar assim. Infelizmente, durante a minha caminhada na vida cristã, tenho observado muitos de nós, filhos de Deus, depois de termos experimentado plena vitória sobre o pecado em nossas vidas, voltamos a ser escravos daqueles mesmos pecados. Alguns, quando creram no Senhor experimentaram grande livramento de pecados escravizadores, e viveram na vitória por muitos anos, mas se deixaram enfraquecer no Senhor e voltaram a ficar debaixo do mesmo jugo que uma vez havia sido quebrado.

Precisamos nos lembrar de que em nossa carne não habita bem algum (Rm 7:18). Se não estivermos habitando em Cristo, sendo fortalecidos pelo seu poder em nosso homem interior, daremos ocasião à carne e todas as suas obras (Gl 5:19-21) poderão se manifestar outra vez em nossas vidas. Que o Senhor nos ajude e nos guarde!

Esse Jabim ressurge em Hazor, uma cidade no território de Naftali (Js 19:36), e ali faz o seu quartel general.

O nome Naftali significa “vencer”, “vitória na peleja” ou “prevalecer na luta” (Gn 30:9). E exatamente nessa tribo que “vence na batalha” ressurge o inimigo. Não bastava ter o nome de vencedor. Era necessário ter a realidade de vencedor. Da mesma forma conosco: não basta dizermos que somos mais do que vencedores. É necessário ter essa realidade nas nossas vidas. Paulo orou a favor dos irmãos em Éfeso para que Deus os fortalecesse com poder, mediante o seu Espírito no homem interior. Precisamos desse fortalecimento interior, necessitamos permanecer em Cristo! Do contrário, quando os nossos inimigos surgirem, mesmo que sejam aqueles que foram vencidos no passado, acabarão por levar vantagem sobre nós. A carne nunca envelhece, nunca enfraquece. O mundo sempre estará buscando nos seduzir. E o diabo nunca se cansa, mas sempre anda em derredor procurando alguém para devorar (1 Pd 5:8).

Jabim significa, “sabedoria ou entendimento” e Hazor significa “fortaleza”. Ambos representam a sabedoria desse mundo, que é terrena, animal e diabólica (Tiago 3:15) e que pode se tornar numa fortaleza para aprisionar o povo de Deus. Mas graças ao Senhor, “as armas da nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus para destruir fortalezas...” (1 Cor 10:4).

Quando Jabim foi destruído por Josué nos é dito que ele era rei de Hazor (Js 11:1). Entretanto, no seu ressurgimento o seu reino é ampliado e ele é o rei de Canaã. O que dizer do significado do nome Canaã? Terra baixa, ou comércio! Isso nos aponta para as coisas terrenas, em oposição às coisas celestiais. Fala-nos dos interesses terrenos, da busca pelos próprios interesses, de toda preocupação com as coisas aqui da terra (Col 3:1-2).

Todo esse quadro nos mostra o perigo de cairmos no jugo da nossa carne. E na verdade, o lado mais baixo da nossa carne. Quão tirana é a nossa carne. Quão poderosa ela é. Passaram-se os “mais de cem anos”, mas eis que ela surge com mais força ainda. Com poder intensificado, com seus “900 carros de ferro”! Oh, meus queridos, quem poderá com sua própria força sair debaixo desse cativeiro? Impossível! Assim como era impossível para Israel vencer a Sísera e seus carros de ferro, também é impossível para o cristão, em si mesmo, sair debaixo desse cativeiro. Somente uma intervenção celestial pode livrar-nos de tão grande opressor.

A única coisa que podemos fazer por nós mesmos é cair nesse cativeiro. Como é fácil voltar a ser dominado por toda sorte de coisas terrenas, carnais! Basta nos afastarmos do Senhor e não fazermos dEle a nossa morada. Será necessário apenas não ter uma santa vigilância e constância em permanecer em Cristo, em confiar na Sua obra na cruz. Esse Jabim e todo o seu reino nos advertem quanto a esse perigo de cairmos no cativeiro produzido pelo lado mais baixo da nossa carne. E sabemos que a base de operação do nosso inimigo é a nossa carne. E uma vez debaixo do cativeiro dela, o inimigo poderá vir a tirar todo tipo de vantagem sobre nós.

Oh, Senhor, ajuda-nos, clamamos a Ti!

A fortaleza de Jabim ter sido levantada bem no território da tribo que tinha o nome que lembrava lutador, vencedor, nos adverte que qualquer cristão está sujeito a essa situação. Qualquer um pode ser derrotado caso não exista vigilância. Como nos lembra a Palavra: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Cor 10:12). Não há forte, não há valente fora de Cristo. Ainda que alguém seja considerado um homem espiritual, maduro, crescido no Senhor, ele também estará sujeito ao fracasso se não vigiar e manter-se escondido em Cristo! Temos vários exemplos negativos disso no meio do povo de Deus.

Mas ainda que tenhamos caído no cativeiro de Jabim, das coisas terrenas, da sabedoria desse mundo, da busca dos nossos próprios interesses, dos interesses da carne, há esperança de livramento. Assim como o povo de Israel experimentou o livramento desse tão terrível opressor, assim também todo filho de Deus, que tenha caído em cativeiro, tem no Senhor o livramento. E no exemplo de Débora e Baraque, temos a indicação de como o Senhor provê o livramento.

A convocação para a batalha contra esse opressor será feita! E aqueles que atenderem a essa convocação experimentarão a vitória, porque quem a faz é o Senhor da Glória, o Todo Poderoso, e é Ele mesmo quem vai à frente do seu povo. Aleluia! Glória a Deus! Ele também nos convoca à batalha. Não haverá opressor que resista o Seu braço de poder!

Se o Senhor permitir, consideraremos numa próxima postagem o caminho da vitória, a libertação do cativeiro e quais foram as condições para que o povo de Deus a experimentasse.

Por ora é isso.

Que o Senhor possa guardá-lo de cair em cativeiro tão terrível como o que nós temos tratado aqui. E se porventura, você que acaba de ler essa mensagem esta se sentindo debaixo da opressão de algum cativeiro espiritual, saiba que há esperança de libertação. Em Cristo você é mais que vencedor! Como o povo de Israel fez, faça você também: “Clamaram os filhos de Israel ao Senhor...” A sua libertação começa aqui: CLAME AO SENHOR!

Em Cristo, aquele que nos conduz à vitória!

BP

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E não foram à guerra...

Recebendo benção ou maldição

10/10/2007

Batalha Espiritual

Quando falamos em batalha espiritual, imediatamente na mente da cristandade atual surge logo idéias, como “mapeamento espiritual”, “amarrar o valente”, “quebra de maldições” e outras tanto. Ainda que essas expressões possam carregar algum sentido prático e real do mundo espiritual, temos presenciado muito desequilíbrio e muitos enganos das trevas no meio do povo de Deus quando o assunto é batalha espiritual. E, infelizmente, o nosso inimigo tem tirado proveito dessa situação, mantendo em derrota muitos dos filhos de Deus.

De um modo geral, quando se fala em batalha espiritual no meio do povo de Deus, pensa-se apenas num dos aspectos da batalha, ou melhor dizendo, em um dos nossos inimigos, o diabo. Mas bem sabemos que na verdade são três os nossos inimigos: o mundo a carne e o diabo. E todos eles igualmente devem estar subjugados em nossa vida pela obra do Senhor Jesus na cruz do calvário. Ela é base da nossa vitória!

A nossa posição, como nos apontam as Escrituras, é de vitória, uma vez que Deus nos “...fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2:6). Oh, meus queridos, tudo está nEle! Tudo que temos do Pai, nos foi doado em Cristo Jesus. Aleluia!

Nos próximos dias, o Senhor permitindo e pela Sua graça, estarei postando uma série de reflexões sobre a nossa batalha espiritual, num vislumbre do livro de Juízes, especificamente, através evento ocorrido com Débora e Baraque (Juizes 4 e 5). E ao meditarmos nessa porção da Palavra de Deus do Antigo Testamento, cremos que aquilo que ficou registrado em Romanos 15:4, será uma realidade para nós: "Pois tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança".

Quero enfatizar a expressão: “Tenhamos esperança”! É isso que desejo para você à medida que formos meditando nessa porção das Escrituras. Que a viva esperança seja renovada em seu coração. Esperança de um andar vitorioso nessa batalha espiritual. Vitória sobre o mundo, a carne e o diabo.

Quando leio o livro de Juízes, o meu coração se enche de esperança quanto a mim mesmo diante do Senhor, porque é um livro que nos mostra que apesar da fraqueza do povo de Deus e dos vários cativeiros, também nos aponta o caminho maravilhoso da libertação. É um livro que nos apresenta grandes fracassos do povo de Deus, mas também a grande misericórdia do Senhor.

Muitas vezes nos vemos como o povo de Israel, totalmente cativo por algum inimigo, sem forças em nós mesmos para nos libertamos, mas clamamos ao Senhor e dEle vem o socorro. Há muitos inimigos na nossa vida e há uma batalha de fato a ser travada. Paulo, disse: “combati o bom combate...” (2 Tim 4:7). Mas lembre-se: “..somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou”! (Rm 8:37).

Vemos no livro de Juízes, repetidas vezes, em relação ao povo de Deus, a seguinte seqüência de fatos: queda espiritual; disciplina de Deus; cativeiro sob o jugo do opressor; arrependimento do povo; clamor ao Senhor; e Deus enviando o livramento. Não seria isso algumas vezes a experiência de muitos de nós? Quantas vezes alguns de nós, caímos e nos arrependemos para logo em seguida fracassar de novo? Ou, quem sabe, depois de vencer algum inimigo espiritual em nossa vida, mais tarde percebemos esse mesmo inimigo vir sobre nós com mais força ainda?

Mas, anime-se no Senhor! Aquele que começou a boa obra em nós é fiel para completá-la. Não sabemos quanto tempo vai levar, mas o Senhor vai completá-la. Não sabemos quantos fracassos tenhamos que experimentar, mas um dia, finalmente, essa obra estará completa e seremos aqueles que agradarão o coração do Pai, porque Ele verá em nós a imagem do Seu Filho. Isso é algo muito maravilhoso!

Vamos então aos capítulos 4 e 5 de Juízes:

No capítulo 4 temos a situação daqueles que foram convocados para batalha, a descrição de como foi essa batalha, como ela sucedeu, e como foi que o povo do Senhor obteve a vitória.

No capítulo 5, temos o cântico de Débora. É um cântico profético, e nele vai ser mostrado como cada um se comportou durante o tempo da batalha. Qual foi a atitude de cada um durante aquele tempo em que a batalha estava sendo travada. Algumas pessoas foram lembradas com louvor e, infelizmente, outras lembradas negativamente. E até mesmo alguns, os moradores de Meroz, foram lembrados e amaldiçoados pela atitude que tiveram durante o período de batalha. Nesse cântico profético de Débora, vemos uma figura muito clara do que vai acontecer naquele dia, quando todos nós compareceremos diante do Senhor.

Oh, quão sério e instrutivo é isso para nós! Um dia nós estaremos diante do nosso Senhor, face a face com Ele, diante do Seu tribunal, diante da Sua cadeira de julgamento, e nesse dia também será dito aquilo que nós fizemos durante esse tempo de batalha aqui, durante a nossa peregrinação, qual foi o nosso proceder nesse tempo presente. Nesse dia receberemos o louvor ou a reprovação do Senhor (Veja 2 Cor 5:10 e Mt 25:21, 26).

Convido você, então, a meditar comigo nos capítulos 4 e 5 de Juízes buscando extrair alguns princípios espirituais, aplicando-os em nossa vida em relação à batalha espiritual a qual devemos travar.

“Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz em triunfo...” (2 Cor 2:14)

NEle, em quem temos a vitória,

BP
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