27/01/2008

Batalha Espiritual – Recebendo benção ou maldição

“Amaldiçoai a Meroz... Bendita seja ...Jael...” (Juízes 5:23, 24)

Amados:

Agradecemos ao Senhor que nos conduziu até aqui nesta postagem. Com ela encerramos a nossa reflexão sobre batalha espiritual, conforme ilustrada em Juízes 4 e 5.

Como mencionei em postagens anteriores, o meu desejo neste assunto foi compartilhar com mais ênfase as questões referentes a um dos nossos inimigos na batalha espiritual: a nossa carne. Não tive a pretensão de ser abrangente. Escrevi apenas aquelas coisas que estavam borbulhando no meu coração.

Dividi o assunto em duas partes. A primeira mostrando a batalha em si, o inimigo a ser vencido, a nossa incapacidade em nós mesmos de nos libertar do jugo desse inimigo e qual é o caminho da vitória. A segunda “olha para trás” após a batalha ser travada, verificando como nos comportamos nesse período. E quão importante é isso para cada um nós, pois está ligado diretamente com aquele dia quando compareceremos perante o tribunal de Cristo. Ali receberemos o louvor ou a reprimenda do Senhor em conseqüência do nosso viver hoje.

Nunca é bastante enfatizarmos que a nossa salvação eterna depende apenas da graça de Deus. É dom de Deus! Uma dádiva celestial! Nunca poderia depender das nossas obras, da nossa justiça que, como nos asseveram as Escrituras, não passa de trapos da imundícia (Isaías 64:6). E, portanto, no tribunal de Cristo, longe de se ter um julgamento para decidir se vamos ou não receber a vida eterna, haverá o julgamento das nossas obras. Poderemos receber o bem ou mal que tivermos feito por meio do corpo (2 Coríntios 5:10). Pode haver perda sim, mas não a perda de salvação (vida eterna), e sim o privilégio de receber os galardões e de reinar com Cristo no Seu reino milenar que será estabelecido na terra na Sua volta.

Vimos na segunda parte aqueles que foram à guerra, venceram e por isso podiam ter um cântico de vitória. Eles buscaram os interesses do Senhor e do Seu povo. Entretanto, vimos também aqueles que por razões diversas não foram à batalha. Na verdade a motivação destes últimos foi a mesma: buscaram seus próprios interesses e não os do Senhor e do Seu povo!

Nesta última postagem da série, quero compartilhar a respeito do forte contraste que aparece no cântico profético de Débora: benção ou maldição decorrentes da participação ou não da batalha do Senhor.

Depois de terminada a batalha, o Espírito Santo conduziu Débora a este cântico profético e nele é proferida a benção para uma pessoa, Jael, em contraste com os moradores de Meroz, que receberam maldição da parte do Senhor. Quão solenes são essas palavras das Escrituras.

E porque os moradores de Meroz foram amaldiçoados? O texto das Escrituras nos esclarece:

“Amaldiçoai a Meroz, diz ou Anjo do Senhor, amaldiçoai duramente os seus moradores, porque não vieram em socorro do Senhor, em socorro do Senhor e seus heróis”. (Juízes 5:23)

Não vieram em socorro do Senhor e seus heróis! Essa foi a razão. Para nós isso pode soar muito duro, muito forte, mas é a palavra do Senhor. O julgamento aqui não é de Débora, não é de Baraque, mas do próprio Senhor. Aquele que julga retamente todas as coisas, aquele que sonda mente e corações, aquele que conhece todas as motivações do nosso ser, Ele é quem diz: amaldiçoai!

Meus queridos, esta situação de Meroz nos fala do perigo que corremos em não irmos à batalha do Senhor, mesmo tendo ouvido o toque da Sua trombeta nos chamando. Enquanto a trombeta soava para a peleja, os moradores de Meroz permaneceram inertes e não deram nem um passo em direção ao socorro do Senhor nem dos seus heróis. Por isso foram amaldiçoados!

Esta palavra deveria nos dar tremor. Quão séria ela é. Se você já tem caminhado com o Senhor a mais tempo, se já não está mais na sua infância espiritual sabe disso e concorda comigo. O Senhor tem nos chamado para “combater o bom combate” e não atender a este chamado pode trazer-nos conseqüências extremamente sérias no tempo presente e principalmente quando da volta do Senhor Jesus.

Os moradores de Meroz se omitiram. A oportunidade de ir ao socorro do Senhor e dos seus heróis não foi aproveitada. Parece-nos que era esperado que eles fizessem aquilo que Jael realizou. Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas certamente eles não foram à batalha por algum motivo mais comprometedor do que Rúben, Dã, Gileade e Aser.

Será que zombaram do Senhor e daqueles que foram à batalha? Será que tentaram fazer o mesmo que aqueles espias quando encheram o coração do povo de incredulidade (Números 13:25-14:12) para não irem à guerra? Pode ser que estivessem dizendo: “vocês não podem ir contra os carros de ferro de Jabim e Sísera, vocês serão totalmente derrotados”, desprezando assim a Palavra de ordem do Senhor avançarem contra o inimigo. Outra possibilidade é a de não terem crido na Palavra de ordem do Senhor e por medo não atenderam ao chamado para a batalha. Era tempo de adversidade mas, como havia uma promessa do Senhor de dar-lhes a vitória, eles deveriam ter ido em frente, entretanto ficaram imobilizados em si mesmos.

Esta situação nos lembra o que aconteceu com aquele servo que recebeu apenas um talento na parábola de Mateus 25. Os três eram servos, e cada um recebeu talentos de acordo com a própria capacidade para administrá-los. Dois servos receberam louvor do seu senhor, enquanto um deles, o que recebera um talento, por sua atitude errada recebeu um duro juízo.

Cada um de nós que creu no Senhor Jesus recebeu um dom do Senhor, uma capacidade para servi-lo. Como servos de Deus cada um de nós recebeu pelo menos um talento (leia Mateus 25:14-30 e 1 Pedro 4:10). A questão que está diante de nós agora é: o que temos feito com esta dádiva de Deus? Como temos respondido à graça de Deus? Oh, como precisamos, pela ajuda do Espírito Santo que em nós habita, ser diligentes em “negociar” o(s) talento(s) recebido(s) da parte de Deus.

Às vezes nos achamos tão insignificantes por termos apenas um talento. Dizemos para nós mesmos: "Eu tenho apenas um talento, aquilo lá é para alguns irmãos mais crescidos, eu não vou lá não, eu não sei pregar o evangelho”. Ou pensamos, “Eu não vou lá orar em favor daquela pessoa que está endemoninhada, isso é para aqueles irmãos que têm o ministério da libertação..." E vai por aí a fora. Várias desculpas. É o mesmo espírito daquele servo que tem um talento: "Receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu” (Mateus 25:25). E então a sentença do seu senhor: "Servo mal e negligente... Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez” (Mateus 25:26,28).

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e que no dia da Sua volta possamos ouvir a palavra “Muito bem, servo bom e fiel: foste fiel no pouco sobre o muito te colocarei; entra no gozo do seu senhor” (Mateus 25:23). Quão terrível será aquela sentença, “E o servo inútil, lançai-o para fora nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25: 30). Será um tempo de disciplina, nas “trevas exteriores” (“fora do palácio iluminado” – sentido do texto no original), ou seja, fora do reino milenar do Senhor Jesus. E por quê? Porque o servo não utilizou aquela capacidade dada pelo Senhor para combater o bom combate, porque no tempo presente se omitiu em ser pelo Senhor. Lembremo-nos que o Senhor nos chama no tempo presente para combater o bom combate e para isso Ele já nos capacitou. Ele repartiu a cada um de nós uma medida de fé, uma medida de graça, dons do seu Espírito, tudo o que nos é necessário para, como Seus soldados, para participarmos da batalha.

Na linguagem do Novo Testamento os Merozitas não conservaram o que tinham e perderam a coroa (Veja Apocalipse 3:11). Eles tiveram a oportunidade de participarem da batalha em favor do Senhor, mas não a aproveitaram. E por isso receberam juízo sobre si mesmos.

Que contraste em relação a Jael. A sua atitude foi coroada de benção!

“Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja sobre as mulheres que vivem em tendas” (Juízes 5:24).

Jael, provavelmente era uma pessoa simples, não alguém de renome, não era uma das valentes de Israel, nem mesmo era judia. Na verdade Jael e Héber seu marido tinham ainda vínculos com o rei Jabim (Juízes 5:17). Mas num momento crucial, ela tomou a decisão de passar para o lado do Senhor e Seu povo, rompendo os laços com aquele que era um inimigo declarado do povo de Deus.

Ela não tinha em sua tenda nenhuma arma especial para a guerra. De fato, ela não tinha qualquer arma! Mas num ato de fé, em favor do Senhor e do Seu povo ela destruiu o comandante do exército inimigo. Por causa disso, o seu nome ficou gravado eternamente pelo Espírito Santo como alguém que seria abençoada entre as mulheres.

Jael representa aqueles que por amor ao Senhor se identificam com o Seu povo e o Seu propósito. Representa aqueles que, embora não tenham muitos recursos em si mesmos – são até desprovidos de dons, de muitos talentos – aproveitam as oportunidades dadas pelo Senhor e se posicionam do lado do Senhor.

Tenho tido o privilégio de conhecer muitas pessoas que não estão entre aqueles que são reconhecidos publicamente, que parecem não ter dom algum, mas que aproveitam cada oportunidade dada pelo Senhor de agirem como verdadeiros soldados de Cristo. Estão sempre testemunhando da sua fé em Cristo para seus vizinhos, para seus colegas de trabalho. Mantêm uma vida oculta de oração com Deus em favor da igreja e daqueles que não conhecem ao Senhor. Não são ministros da Palavra, não tem nenhum “cargo” entre os irmãos com os quais congregam... Mas, como são frutíferas no reino de Deus!

A cada oportunidade dada pelo Senhor de o servirem, de se levantarem pela causa do Senhor, elas não se omitem! São como Jael. Embora não tenham as “ferramentas” adequadas para o serviço, mas na força do Senhor realizam o que lhes veio às mãos para fazerem.

Meu querido irmão e irmã: não despreze os pequenos começos! Não despreze o dom que há em ti, ainda que seja em pequena medida. Comece a servir ao Senhor na condição que Ele o constituiu. Assuma a sua posição como soldado de Cristo, ainda que aparentemente, aos olhos dos homens, você seja como Jael, sem qualquer condição para a guerra. Lembre-se, isso é apenas aparente, pois a Palavra de Deus afirma para você que as suas armas não são carnais mas poderosas em Deus para destruir fortalezas (2 Cor 10:4)!

Não espere até ter plenas condições para assim então servir ao Senhor. Alguns estão sempre postergando o dia em que vão servir ao Senhor. Dizem para si mesmos: “Quando eu me aposentar ai então terei mais tempo e vou servir ao Senhor...” Ou, “Vou me dedicar mais a estudar a Palavra de Deus e então vou começar a evangelizar as pessoas...” Ainda outro dirá, “Quando eu comprar um carro vou começar a visitar os irmãos que estão enfermos...”. Estão sempre esperando ter plenas condições para então fazerem alguma coisa para o Senhor. O resultado é que nunca fazem nada. Jael, não tinha nenhuma arma, mas utilizou-se de uma estaca e um martelo! Parece que o Senhor está dizendo a mim e a você: “Por que você se demora? Até quando você usará tantas desculpas?”

Débora cita em seu cântico a Sangar juntamente com Jael (Juízes 5:6). Ele também teve a mesma atitude de Jael. Com sua aguilhada de boi ele feriu a seiscentos filisteus e libertou a Israel! Imagine se Sangar estivesse esperando até arranjar uma espada apropriada para a guerra. Israel teria sido oprimido pelo inimigo! Mas louvado seja o Senhor, pois Ele foi poderoso para fazer da aguilhada de Sangar uma espada mais certeira e cortante do que qualquer outra existente!

Oh, meus amados companheiros de lutas, no combate a que somos submetidos, como nos lembra o testemunho das Escrituras, o Senhor é poderoso para ajudar-nos a “da fraqueza tirar forças” (Hebreus 11:34)! Deus é poderoso para transformar aquelas coisas insignificantes aos olhos dos homens em verdadeiras realizações. Você se lembra de quantas pessoas o Senhor alimentou através daqueles dois peixes e cinco pães que um jovem apresentou a Ele? Você se lembra do que Moisés pôde realizar em nome do Senhor tendo apenas uma vara na mão? E também de Sansão que com uma queixada de jumento tantos inimigos ele venceu? Você se lembra com o que Davi venceu a Golias? Todos esses venceram, realizaram algo para o Senhor, porque não se omitiram, mas se apresentaram em confiança e fé ao Senhor com o que eles tinham disponível em mãos! E o Senhor era com eles!

“Dê a Ele o que você tem, seja fiel onde você estiver, faça o que você puder e o mais Ele fará” – A. B. Simpson

Meus queridos, o dia chegará quando os nossos nomes serão lembrados diante do Senhor. Que a nossa oração, fé e conduta, sejam para que eles estejam registrados juntamente com os de Jael, Débora, Baraque e dos valentes do Senhor! Que o Senhor nos livre de termos os nossos nomes gravados juntamente com os dos erozitas, dos Rubenitas, dos Aseritas, dos Gileaditas e dos Danitas.

"Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam brilham como o sol quando se levanta no seu esplendor” (Juízes 5:31)

NAquele, que é capaz para nos conduzir a tirar forças da fraqueza e a sermos poderosos na batalha,

BP
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