25/12/2007

Batalha Espiritual - E não foram à guerra...

Buscaram os seus próprios interesses e não foram à guerra...

Quando toda guerra acabar a pergunta será: como nos comportamos nesse tempo de batalha?

Vimos na postagem anterior que Débora e Baraque olham para trás e num cântico profético lembram de como cada um se comportou no tempo da batalha. Consideramos até aqui aqueles que participaram da guerra do Senhor. Esses foram lembrados com louvor. Entretanto, outros foram lembrados com tristeza e reprimenda. Queremos considerar a situação destes últimos agora.

Como já mencionamos anteriormente, temos nesse cântico de Débora uma figura daquilo que ocorrerá um dia, quando todos nós nos apresentarmos diante do tribunal de Cristo. Ali receberemos o louvor ou a reprimenda por aquilo que fizermos durante esse tempo presente (2 Coríntios 5:10, Mateus 25:14-30).

Não nos alegra descrever essa parte do cântico de Débora. Mas como ela é necessária! A Palavra do Senhor sempre nos exorta: encorajando-nos e advertindo-nos. Podemos dizer que até aqui, tivemos uma palavra de encorajamento, mas a nossa reflexão agora, seguindo o que está registrado no cântico de Débora, leva-nos a uma palavra de advertência. Que o Senhor possa, pelo Seu Espírito, acordar-nos para o momento presente em que vivemos e que possamos assumir a nossa responsabilidade nessa questão da batalha espiritual, principalmente no aspecto corporativo.

Por que alguns não foram à peleja junto aos demais dos filhos de Israel?

O primeiro que é mencionado é Rúben. Não foi à guerra porque ficou cuidando dos seus próprios interesses!

"Nas correntes de Rúben foram grandes as resoluções de coração. Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração”. (v. 5:15b-16 – Versão Revista e Corrigida)

Houve grande esquadrinhamento de coração entre os Rubenitas. Eles estavam lá pensando, refletindo sobre a batalha e houve grandes decisões em seus corações. Há algumas traduções que dizem que eles fizeram grandes projetos. Eles ficaram sabendo que seus irmãos estavam na peleja contra um grande opressor dos filhos de Israel, e então se planejaram em como poderiam ir à peleja. Fizeram grandes projetos de como iriam e ajudariam seus irmãos. Mas não foram! Permaneceram cuidando dos seus interesses.

Muitos de nós ainda estamos como os Rubenitas. Nesse tempo de guerra, ficamos apenas nas decisões, nos projetos, no esquadrinhamento de coração, mas nunca colocamos em obra aquilo que decidimos. Eles resolvem em seus corações, mas não tomam nenhuma atitude. São aqueles que gostam de estudar tudo sobre batalha espiritual, mas nunca entram na batalha por si mesmos ou em favor dos demais do povo de Deus! Gostam de coisas do tipo, “10 passos para alcançar a vitória”, ou “10 passos para vencer o pecado”. Sabem muitas coisas a respeito da batalha espiritual, mas apenas de ouvir falar. Falam e exortam uns aos outros de que é necessário batalhar em oração por tais e tais assuntos, mas nunca colocam em prática aquilo que proclamam. Estão muito bem informados da realidade espiritual, mas apenas no campo teórico. Ainda não conheceram o que é estar no campo da batalha.

Os Rubenitas de hoje, são como muitos de nós que fazem grandes resoluções de fim de ano. Conhecemos as nossas próprias necessidades espirituais, e por isso decidimos que no ano que se inicia faremos muitas coisas. Fazemos muitos planos: “vou dedicar-me à vida de oração nesse ano”, “esse ano não vou mais praticar aquele pecado”, “vou me esforçar na pregação do evangelho, quero ganhar pessoas para o Senhor nesse ano...” a lista é grande. Muitas e boas decisões! Mas todas ao final, ficam no vazio! Nada é realizado em favor do Senhor e do Seu povo.

Oh amados, grandes resoluções ou grandes decisões não bastam! Não é suficiente apenas “esquadrinhamentos de coração”. Não podemos ter apenas os grandes conceitos ou princípios espirituais na nossa mente, ou ainda um grande vocabulário espiritual. Não! É necessário, pela ajuda do Espírito do Senhor, colocarmos por obra aquilo que sabemos ser a vontade de Deus. A guerra está acontecendo e sabemos que o Senhor nos chama para sermos participantes dela. Muitas vezes decidimos ir, mas acabamos ficando. Por que? Nos é dito de Rúben que ele não foi à guerra porque “ficou entre os currais para ouvir os balidos dos rebanhos”.

“Oh, que coisa louvável”, poderíamos, justificar. Parece-nos que os Rubenitas estavam se mostrando responsáveis com suas casas, suas famílias. Eles ficaram cuidando das ovelhas, buscando o seu sustento. Mas, meus queridos, em tempo de batalha ficar escutando o balido das ovelhas é preocupar-se com nossos próprios interesses. Muitas coisas estavam acontecendo; o inimigo de Deus estava oprimindo duramente, mas os Rubenitas estavam cuidando das suas coisas. Os “Rubenitas atuais” são assim: tomam a decisão, mas tem em seguida uma desculpa para não irem. Uma desculpa para “apaziguar” suas consciências. Percebem as lutas que os filhos de Deus estão travando, mas encontram uma desculpa para não participarem da batalha e justificam a si mesmos.

A pergunta feita a Rúben foi: “Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos”? E porque foi feita essa pergunta a ele? Por que Rúben não devia ter ficado escutando o balido das ovelhas, mas ele devia estar lá no monte escutando o toque da trombeta. Quanta diferença! Muitos de nós temos às vezes grandes decisões, mas nunca as colocamos por prática. Às vezes nós estamos tão preocupados com nossos próprios interesses que esses nos impedem de participarmos da batalha do Senhor. Paulo, escrevendo aos Filipenses, diz que muitos buscavam os seus próprios interesses, e não aquilo que era de Cristo Jesus, mas que Timóteo, sinceramente, buscava os interesses dos irmãos! (Filipenses 2:20-21)

Quantas vezes podemos estar ouvindo o balido das “nossas ovelhas”, enquanto a trombeta de Deus tem soado chamando os seus filhos para a batalha. A batalha a favor dos nossos filhos tem sido travada, o inimigo tem buscado tirá-los da vida com Deus, mas nós nos entregamos aos nossos interesses e nem mesmo no nosso secreto batalhamos em oração em favor deles. A igreja do Senhor tem estado em grande apostasia, em grande mistura daquilo que é verdadeiro com a mentira, mas nos silenciamos, até pensamos em ter uma vida de oração em favor do povo de Deus, mas finalmente ficamos envolvidos nos nossos interesses e não temos tempo para participarmos nessa batalha.

A trombeta está soando! Que o Espírito do Senhor nos desperte para irmos à batalha e deixamos as “nossas ovelhas” nas mãos daquele que pode guardá-las para cada um de nós.

Que o Espírito do Senhor nos ajude, e que naquele dia no tribunal de Cristo, o Senhor não nos chame a atenção: "você teve grandes decisões, grandes projetos, mas por que não foi à batalha? Por que escolheu ficar ouvindo a voz dos seus próprios interesses?”

O segundo a ser citado é Gileade. Não foi à guerra por causa dos obstáculos naturais!

“Gileade ficou dalém do Jordão...” (Juízes 5:17)

Para que os Gileaditas fossem ao monte Tabor, de onde os filhos de Israel saíram para a guerra, eles deveriam atravessar o Jordão.

Creio que o registro do Rio Jordão aqui é para nos lembrar que muitas vezes podemos deixar de ir ao campo de batalha junto com os nossos irmãos porque nos justificamos em decorrência de obstáculos naturais. “Atravessar o Jordão” para muitos de nós pode ser trabalhoso e se ele estiver na cheia pode até mesmo ser perigoso. E por isso então, da mesma forma que os Rubenitas, os Gileaditas encontram algo para apaziguarem suas consciências se desculpando por terem à sua frente algum obstáculo natural. Mas o verdadeiro motivo é que nos seus corações de fato não desejavam ir a guerra. Quanta diferença entre eles e Zebulom e Naftali. Esses últimos expuseram as suas vidas correndo grandes riscos, mas foram à batalha e venceram! Entretanto, os Gileaditas são lembrados aqui de modo negativo.

É muito comum, mesmo nas questões pequenas do nosso dia-a-dia, colocarmos muitos obstáculos naturais para não estarmos identificados com o propósito do Senhor. Tome como exemplo as vezes que temos diante de nós as reuniões do povo de Deus, seja para lembrar do Senhor no partir do pão, ou de oração ou mesmo para estudo da Palavra. Às vezes colocamos os obstáculos naturais como desculpa para não participarmos dessas reuniões. Se começa a chover, ou se o frio aumenta, é suficiente para deixarmos de participar e ficamos no conforto das nossas casas. Outras vezes estamos trabalhando muito e o nosso dia é tão atarefado que nos sentimos cansados fisicamente e por isso decidimos ficar em nossas casas, e perdemos a oportunidade de sermos abençoados e fortalecidos.

Deixamos de batalhar as batalhas do Senhor por causa de obstáculos naturais. Temos conhecido muitos dos filhos de Deus que ao contrário dessa situação, mesmo em momentos de debilidade física, e a despeito de todo e qualquer obstáculo natural, ainda assim são verdadeiros soldados do Senhor Jesus. São incansáveis na pregação do evangelho, nas vigílias, nos jejuns, nas orações, “combatendo o bom combate”. Para esses vale a palavra do Senhor: “aos que me honram, honrarei”, mas para aqueles que ficam aquém do “Jordão”, a palavra do Senhor é “porém os que me desprezam serão desmerecidos”. (1 Samuel 2:30)

Que o Senhor nos dê um coração disposto a atravessar o “nosso Jordão” e nos identificarmos com o Seu propósito e estarmos juntos no campo de batalha com aqueles que ouviram o toque da trombeta!

"Dã, por que se deteve junto a seus navios?" (v. 5:17)

Navio nos lembra de comércio. Trazer mercadoria, levar mercadoria, transações comerciais. E essa foi a razão que impediu Dã.

Dã nos lembra aqueles que não vão ao campo de batalha por causa do dinheiro.

Este é um motivo que tem levado muitos do povo de Deus a não participarem do propósito do Senhor, e não irem ao campo de batalha. Mamom tem roubado o coração de muitos dos filhos de Deus.

Amados, essa situação terrena de busca de riqueza, busca de uma vida confortável, tem oprimido o povo de Deus impedindo-o a combater o bom combate. E quantos têm naufragado na fé! Paulo adverte a Timóteo quanto a esse risco: “Tendo sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. (2 Timóteo 6:8-10)

Há muitos santos de Deus que estão bem na carreira cristã, mas de repente não vigiam, e eis que surge esse tirano: desejo das riquezas! Desejam ter uma casa melhor, um carro do último modelo... Não há nada injusto nisso em si mesmo. Mas isso se torna um tirano em seus corações. Os seus corações ficam sobrecarregados com os cuidados dessa vida (Lucas 21:36). Por isso, eles têm que trabalhar mais. Ao invés de estar com a família, ao invés de estar lendo a Palavra, buscando ao Senhor, eles estão lá, trabalhando muito, pois querem ganhar um pouco mais de dinheiro. Alguns já têm um emprego, mas eles também precisam do segundo, e do terceiro. Essa é a situação: “Por que se deteve junto aos seus navios”?

Como essa palavra é tão atual para nós! Por que se deteve? Na verdade é justo e correto ter os nossos navios, eles são o suprimento de Deus para nós. É o nosso trabalho, os nossos negócios, mas a palavra de advertência é porque nos detemos neles. Porque o nosso coração está preso neles? Porque eles se tornam um impedimento para que participemos no campo de batalha e assim experimentemos a vitória que o Senhor quer nos dar? Quão perigoso é esse deter nos nossos navios. Alguns participavam das reuniões da igreja, evangelizavam, visitavam os enfermos, tinham uma vida de oração, mas agora eles não têm tempo para nada além dos seus negócios. Estão muito preocupados com as suas riquezas, os seus bens, a sua vida confortável, com aquilo que o seus ganhos podem gerar.

Que tragédia tem sido isso no meio do povo de Deus. Quantos irmãos sinceros têm se deixado seduzir pelos seus navios. Quanto prejuízo espiritual tem acontecido por causa disso.

Ouçamos a palavra do Senhor Jesus: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6:33)

"Aser se assentou nas costas do mar, e repousou nas suas baías”.(v. 5:17)

Os Aseritas não foram à guerra por estarem preocupados com o seu próprio conforto!

Repousaram nas suas baías”. Esta atitude dos Aseritas representa aqueles que, mesmo no tempo de guerra, estão preocupados com o seu próprio conforto.

Quão diferente era a atitude do nosso Senhor! Quão incansável era ele. E ele mesmo nos deu o Seu testemunho de que o “Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8:20). O Filho do Homem somente pode descansar depois de completada a sua carreira. Depois do brado da cruz – “está consumado!” – é que ele pode descansar. Durante toda a sua vida não buscou seu próprio conforto, mas pelo contrário, “andou por toda a parte fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo” (Atos 10:38). A sua compaixão o movia em favor das multidões e junto com os seus discípulos “eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham” (Marcos 6:31).

Paulo também, no mesmo espírito do Senhor Jesus, desenvolveu a sua carreira. O testemunho dele foi de que ele como ministro de Cristo, passou por tantas coisas, como perigos de morte, acoites, trabalhos e fadigas, vigílias, fome, sede, jejuns, frio, nudez... (veja 2 Coríntios 11:23-33). Passou por tantas coisas por amor ao Senhor e ao Evangelho! Nunca foi atrás do seu próprio conforto! Nunca “assentou-se nas costas do mar, e repousou nas suas baías”! Mas ao contrário, escutou o toque da trombeta e como soldado de Jesus Cristo combateu o bom combate!

Queridos irmãos, certamente gostamos do nosso conforto. É justo. Mas esse nosso conforto não pode nos impedir de nos identificarmos com o propósito do Senhor e avançarmos naquilo que é a Sua vontade para as nossas vidas e para o Seu povo.

Quem sabe não é o momento de fazermos a “indagação de uma boa consciência para com Deus” (1 Pedro 3:21). Será que a busca do nosso próprio conforto tem sido a motivação para não participarmos da batalha do Senhor?

O Senhor através do profeta Amós advertiu o povo nesse sentido: “Ai dos que andam a vontade em Sião...que dormis em camas de marfim, e vos espreguiçais sobre o vosso leito, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro; que cantais à toa ao som da lira e inventais, como Davi, instrumentos músicos para vós mesmos; que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo, mas não vos afligis com a ruína de José” (Amós 6:1, 4-6).

Rúben, Gileade, Dã e Aser, foram lembrados nesse cântico de Débora por que não foram à batalha pois estavam muito preocupados consigo mesmos. Que o Senhor nos ajude e nos livre de cairmos em mesma situação!

Em Cristo, aquele que não buscou agradar a si mesmo, mas por todos nós se entregou,

BP

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Abaixo seguem os links para as demais postagens dessa série:
Batalha espiritual
O ressurgimento de inimigos vencidos no passado
O primeiro passo no caminho da vitória
A Palavra de ordem do Senhor
Experimentando plena vitória
O Cântico de vitória e os vencedores
E não foram à guerra...
Recebendo benção ou maldição

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Um comentário:

Anônimo disse...

La Palabra de Dios no corre en vano. Gracias por esta palabra. Un abrazo hermano Billy.
Sandro.