Praticando a generosidade
(Continuação...)
Uma
pergunta que sempre é levantada: devemos dar o dízimo ou não? Ou, o dízimo se
aplica nos dias de hoje ou não? Existe muita discussão quanto a isso. Se vocês
até hoje vivem esse questionamento, gostaria de lhes convidar a abandoná-lo
neste momento, e entender que hoje a linguagem da Graça não é mais aquela da
lei, em que as pessoas eram obrigadas a pagar o seu dízimo. O dízimo sempre
existiu, até antes da lei, e ainda existe hoje, é a décima parte. Mas quero
lhes dizer, com plena convicção na Palavra, que o dízimo não existe mais como
uma lei para nós.
Vocês podem separar a décima parte da sua renda, mas não em nome da lei pela
qual muitos hoje trazem o povo de Deus sob jugo, aprisionando-os com discursos
de ameaças: “cuidado com o devorador, se
não der o dízimo você está roubando a Deus”. Eles se apresentam como
receptáculos, cobradores de impostos de Deus, e fazem do local de reunião a
casa do Tesouro. Vários irmãos já vieram me perguntar se, já que têm a
obrigação de dar o dízimo, se devem dar sobre a renda bruta ou líquida. Que
coração é esse? Essa é uma doação nos termos da lei, não mostra um coração
generoso. Isso acontece em consequência do jugo, as pessoas ficam aprisionadas,
com a consciência pesada, e ficam jogando
com Deus. Mais ou menos como Jacó, elas dão com o intuito de fazer uma troca.
Elas barganham com Deus: Senhor, se tu me
abençoares te darei o dízimo de tudo. Não, irmãos. Longe de nós. Isso é tão
pequeno, tão mesquinho. Mas é possível que vocês estejam com esse
questionamento.
Não há problema em dar o dízimo, a décima parte da sua renda – se é isso
o que você propôs em seu coração diante de Deus, amém! Mas não existe mais o “imposto”,
nesse aspecto a lei passou. A linguagem de hoje, no Novo Testamento, é como
Paulo fala: cada um contribua segundo o
que estiver proposto no coração. Agora, vou lhes dizer: se sob a lei as
pessoas separavam 10% da sua renda, quero lhes encorajar: na graça, separem no
mínimo 10%, para que possam abrir o seu coração com generosidade. No mínimo
10%, pode ser que seja mais – alguns irmãos, na história da Igreja, chegaram a
viver com apenas 10% da renda e destinaram 90% para a assistência aos cristãos
mais pobres e à obra de Deus. Então, faça uma indagação, como diz Pedro, de uma
boa consciência, avalie se o seu coração é generoso ou não, e veja em que mar
você está navegando nessa questão financeira.
A quem nós devemos dar? Como nós devemos dar? Os pregadores da teologia
da prosperidade pregam o dízimo, a fim de obter benefícios para si, e o povo se
sente na obrigação de pagar os 10% ao local onde eles se reúnem, sob pena se
serem amaldiçoados se não pagarem. Não é essa a realidade de Deus em Cristo
hoje. Mas a Palavra de Deus nos exorta a assumirmos nossa responsabilidade em
sermos generosos – além do privilégio que teríamos; Paulo diz que os irmãos da
Macedônia rogaram para que os deixassem contribuir aos santos também. Vejam só:
eles queriam e rogaram para que lhes fosse permitido participar da graça de
contribuir. Isso era um privilégio para eles.
Assistência aos pobres
Devemos ter alguns pontos em vista. A Palavra de Deus diz que devemos
repartir, dar, atender em primeiro lugar aos pobres, entre os santos. Mas não
apenas entre os santos; também os de fora. Mas, diz a Palavra, primeiramente
devemos cuidar dos de casa. Portanto, você deve cuidar das pessoas da sua
família – mãe, pai, filhos, mulher ou marido etc. Havia, mesmo na lei, aqueles
que, em vez de dar aos pais, separava para levar ao templo, e diziam aos seus pais
“que aquilo que podriam aproveitar deles, era Corbã, isto é oferta ao Senhor”
(cf. Mc 7:11-12). Jesus, diante disso, afirma que essas pessoas estavam
invalidando a Palavra de Deus. Se for para ajudar ao seu pai, à sua mãe, não
leve ao “templo”, não. Dê aos seus pais.
Assistência aos que servem como obreiros e presbíteros
Temos, ainda, aqueles que servem ao Senhor na Palavra. Temos que cuidar
deles. Paulo diz: “Digno é o trabalhador do seu salário”. Ele se refere aos
obreiros, aos presbíteros que se afadigam no ensino, na Palavra, estão
dedicados à obra de Deus e precisam ser assistidos pelos outros. Nós precisamos
assumir essa responsabilidade. Há quem pense também que essa deve ser uma
atitude dos irmãos que ganham muito, e não de quem ganha pouco. Irmãos, façam
como aqueles da Macedônia, que em sua pobreza pediram para doar aos santos, e
doaram. Paulo diz também que primeiro eles se deram ao Senhor, e depois doaram.
É uma responsabilidade com aqueles irmãos que, secularmente, para cuidar das
coisas do Senhor e nos ajudar, não possuem emprego e rendimento. Então, se até
o momento você não assume a responsabilidade perante aqueles que alimentam a
sua alma, você deve assumir. Paulo fala: se você recebe bênçãos e alimentos
espirituais de alguém, nada mais justo que você retribua com bênçãos materiais.
E declara o que está escrito na lei: você não deve amordaçar a boca do boi
enquanto ele pisa o trigo. E completa: era com boi que Deus estava preocupado?
Não, Deus queria falar de nós. (cf. I Co 9:1-15)
Portanto, diz a Palavra, aqueles que servem ao Senhor, que vivem do
Evangelho, também precisam comer do Evangelho. Nós não podemos nos esquecer dos
obreiros, não podemos nos esquecer dos presbíteros que se afadigam no ensino e
na Palavra e que têm o testemunho do Senhor. Estes precisam ser ajudados: os de
casa, os pobres, os santos em suas necessidades e esses irmãos que atuam na
obra de Deus.
Contribuir para a realização da obra do Senhor
Uma outra coisa para qual devemos contribuir é para que a obra de Deus
seja realizada. Meu professor de economia sempre falava: não existe almoço
gratuito. Você pode não pagar pelo almoço, mas alguém pagou. Não é verdade? Por exemplo, hoje nós estamos reunidos
aqui neste local; este espaço custou dinheiro, existe o custo com aluguel. É algo
prático, alguém tem que pagar! E quem vai pagar, irmãos? Nós temos a nossa
responsabilidade. Vamos supor que o aluguel deste espaço custe duzentos reais.
Nós somos cerca de cem pessoas. Se cada uma doar dois reais, todos participam e
provavelmente sem sentir dificuldade. Reforço que este é um exemplo, não estou
dizendo que vocês devem fazer dessa forma. Quero chamar a atenção para a
responsabilidade que temos. Precisamos contribuir para a realização da obra do
Senhor. Por exemplo, no nosso caso, se assumíssemos um valor mensal para
viabilizar a realização das reuniões, precisaríamos honrar nosso compromisso,
não deixar dívidas.
Com quanto contribuir?
Quanto devemos separar da nossa renda? Separe uma quantia que você
considere justa diante de Deus. Abra seu coração em generosidade, para atender
aos santos, aos irmãos que trabalham na obra do Senhor, para atender às
necessidades locais. Procure saber como isso funciona no local onde você se congrega, separe a
parte que você sente no coração, e contribua. Caso pense que sua contribuição
seria muito pequena e se sinta constrangido, sua contribuição é aquele cadarço
que o irmão precisava, lembra? É aquele pedacinho de manteiga que a irmã precisava
para passar no pão. Você não está doando para homens. O que a mão direita dá a
mão esquerda não sabe. Uma boa prática é ter disponível nos locais que ocorrem
as reuniões uma caixa para doação, assim ninguém precisa saber quem doou ou
quanto colocou lá.
Então, a generosidade é uma boa prática. Passamos por muitas necessidades,
claro. Mas não é apenas pelas necessidades que devemos ser movidos, e sim por
amor. Precisamos ter um coração generoso.
NEle,
BP
(Continua...)
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